No Público encontra-se uma peça que, divulgando um trabalho da Universidade do Porto, Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa, Escola Superior de Desporto de Viana do Castelo e com a colaboração Federação Portuguesa de Futebol, sublinha a importância da actividade físicas para as crianças.
A sua prática regular promove o
desenvolvimento de competências, melhores níveis de saúde e bem-estar no
presente e no futuro.
A actividade física das crianças,
designadamente, ao ar livre é uma matéria que frequentemente aqui abordo pelo
seu impacto nos mais novos e não só.
No que respeita à actividade
física e considerando a recomendação da OMS de uma hora diária de actividade
física aos 11 anos só 16% das raparigas e 26% dos rapazes cumprem e aos 15 anos
temos 5% das raparigas e 18% dos rapazes de acordo com o Relatório “Health at a
Glance: Europe 2016” da OCDE.
Somos dos países da Europa em que
adultos e crianças menos desenvolvem actividades no exterior contrariamente,
por exemplo ao que se verifica nos países nórdicos. É verdade que esses países
têm habitualmente climas bastante mais amenos que o nosso, mas, ainda assim,
poderíamos ter durante mais tempo crianças e adultos a realizar actividades no
exterior. Por princípio e sempre que possível, a área curricular Estudo do
Meio, mas não só, poderia ser também Estudo no Meio.
Muitas experiências, incluindo em
Portugal, sugerem múltiplos benefícios para as crianças, inúmeras vantagens
para as crianças, desenvolvem maior autonomia, maior consciência ambiental e competências
em dimensões como bem-estar emocional, a partilha de emoções, a autonomia, a
autoconfiança, auto-regulação, a criatividade ou o pensamento crítico para
além, naturalmente dos benefícios mais directamente associados a qualquer
actividade, incluindo a actividade física ou desportiva.
Embora consciente das questões
como risco, segurança e estilos de vida das famílias, creio que seria possível
alguma oportunidade de “devolver” aos miúdos o circular e brincar na rua, ter
mais algum tempo as crianças fora das paredes de uma casa, escola, centro
comercial, automóvel ou ecrã. Aliás, o Professor Carlos Neto também colaborador
no estudo agora divulgado, é uma voz que não desiste na defesa destas opções e
dos riscos graves da baixa literacia motora para o desenvolvimento saudável das
crianças.
Creio que o eixo central da acção
educativa, escolar ou familiar, é a autonomia, a auto-regulação, a capacidade e
a competência para “tomar conta de si”. A brincadeira, a rua, a abertura, o
espaço, o risco (controlado obviamente, os desafios, os limites, as experiências,
são ferramentas fortíssimas de desenvolvimento, de literacia motora também, e
promoção dessa autonomia.
Importa sublinhar a necessidade
de controlar um eventual perigo que, ainda assim, é diferente do risco, as
crianças também “aprendem” a lidar com o risco.
Talvez, devagarinho e com os
perigos e riscos controlados, valesse a pena trazer os miúdos para a rua, mesmo
que por pouco tempo e não todos os dias.
É, pois, importante que todos os
que lidam com crianças, em particular, os que têm “peso” em matéria de orientação,
pediatras, professores, psicólogos, etc. assumam como “guide line” para a sua
intervenção a promoção do brincar. E a actividade de brincar na infância não se
esgota, longe disso, numa disciplina curricular.
Os mais novos vão gostar e
faz-lhes bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário