quarta-feira, 15 de março de 2023

DO ARRASTAMENTO

 Leio no Público que não existe data marcada para continuação do processo negocial entre o ME e os representantes dos professores que, entretanto, divulgam novos calendários de prováveis paralisações.

Aparentemente, o arrastar deste processo é incompreensível… ou não.

Embora o ME não tenha um currículo sólido na realização de contas, parece claro que o tempo já passado seria mais do que suficiente para se perceba de forma clara o que em termos de custos será o impacto do que que é solicitado pelos professores, incluindo as alterações advindas da reforma de muitos milhares de professores que serão, seriam, substituídos por docentes mais novos e com estatuto salarial também ele mais baixo.

Não é conhecida a intenção por parte dos professores de não negociarem, é justamente o que têm afirmado continuam a afirmar.

A continuidade do processo de reivindicação tem impactos óbvios e de diferente natureza. para as comunidades educativas, professores, pais, técnicos e alunos.

Parece razoavelmente evidente que a situação de prolongamento “enrolado” não serve a ninguém, mas … pode servir ao ME.

Em 1 de Fevereiro, o Presidente da República, a propósito do processo de contestação já em curso, afirmou, “Há um momento em que a simpatia quanto à causa pode virar-se contra eles. Como se sabe, alguns trabalhos divulgados na imprensa referiam sondagens em que as reclamações dos docentes mereciam apoio por franja significativa dos inquiridos

Talvez possa ser este entendimento o orientador da gestão do processo negocial. Dito de outra maneira, com o tempo os professores poderão começar a ser mais fortemente criticados pela sua persistência e acabarão por ceder à pressão que a chamada “opinião pública” possa criar sobre a classe.

Teríamos assim um momento 2.0 do famigerado “Perdi os professores, mas ganhei os pais e a população”, proferido em 2006 pela então Ministra Maria de Lurdes Rodrigues também num contexto de contestação da classe docente.

Não gosto da ideia de que esta seja uma forma séria e responsável de gerir políticas públicas de educação.

Mas que as dúvidas são mais que muitas … são, lamentavelmente para toda a comunidade.

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