sábado, 12 de março de 2022

UMA TARDE CABANEIRA

 Pode parecer estranho e peço desculpa aos que sentem a sua vida complicada, mas já tinha saudades de uma tarde assim, cabaneira como aqui se fala, chuva não em excesso, algum vento e frio que obriga a acender a salamandra.

De manhã ainda deu para se fazer alguma coisa aqui no monte. Há sempre qualquer coisa a precisar de ser amanhada.

A água como não é demasiado grada, é bem chuvida e muito bem-vinda, a horta e a terra agradecem toda a que vier. Nós também agradecemos, a água é a fonte de onde tudo vem.

Os velhos como eu gostam de dizer “como antigamente”, conversa de velho, é claro. Mas a verdade é que a chuva já não vem como antigamente, os homens e os modelos de desenvolvimento mexeram, mexem, com a Terra que se sente e se zanga cada vez com mais frequência. Acredito que ainda estamos a tempo de voltar aos Invernos de antigamente, depende de nós e dos que vêm a seguir a nós.

É um tempo que convida a ler coisas que estavam em lista de espera, a escrever algo não urgente, a ouvir sons menos habituais, a arrumar o que aguardava oportunidade e, sobretudo, dá disponibilidade.

São também assim, cabaneiros, os dias do Alentejo.

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