Peço desculpa, mas é inevitável, hoje e sempre. Não é possível deixar de recordar um Homem Bom que já partiu há muito. Não partiu sem me mostrar o que nunca viu e me levar onde nunca tinha ido.
Um dia destes haveremos de acabar
todas as conversas que não acabámos.
Um dia destes haveremos de
começar todas as conversas que não iniciámos.
Vou contar-te tanta coisa que
aconteceu e acontece que vais gostar de saber. Deixa-me só recordar, já te
tinha dito, que tens dois bisnetos que são uma bênção mágica. Não te rias, ao
Simão e ao Tomás já conto histórias com o Arranja Moinhos, todos os dias
inventadas, como tu me contavas. E mais engraçado, o Simão já inventa histórias do Arranja Moinhos para eu e o Tomás ouvirmos, havias de gostar. Não vais perceber a comparação, mas um
dia explico-te, eles acham que o Arranja Moinhos é como a Patrulha Pata,
resolve todos os problemas. E como estamos precisados de quem contribua para soluções e não para problemas.
É que na verdade também se vão passando tantas outras coisas de que não gostarias, coisas muito
feias e gente muito feia a fazer o que não deve, mas são assim as coisas do mundo. Partiste numa
altura em que acreditávamos que, finalmente, tudo seria melhor, tudo seria
possível, e tudo seria melhor e possível para todos.
Até um dia destes, Pai.
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