Talvez associados à constatação dos efeitos devastadores de sucessivas crises têm vindo a emergir discursos no sentido de que estes efeitos poderiam constituir um acelerador de alterações nos modelos de desenvolvimento e organização das instituições e, naturalmente, nos comportamentos individuais.
No âmbito dessas alterações parece crítico o combate ao
desperdício e à ineficácia e promover racionalidade, eficiência e poupança nos gastos.
Agora que se vai iniciar um no ciclo de governo talvez fosse
uma oportunidade para reflectir sobre os custos brutais da administração de
que todos nós conhecemos excessos e os seus efeitos, ainda que também saibamos reconhecer competência e eficiência quando as encontramos.
Reconhece-se a existência de uma teia de entidades e
organismos inúteis e dispensáveis que apenas existem para alimentar diferentes
agendas bem como as clientelas partidárias de todos os partidos que chegaram ao
governo. Sempre que se verificam auditorias e inspecções a diferentes serviços
e organismos da administração local ou central, registam-se com preocupante
frequência níveis elevados de ineficácia e desperdício no funcionamento e
gestão dessas estruturas. Lamentavelmente, como todos sabemos, não é um
problema novo nem conjuntural, é velho e estrutural. A grande questão é a
irresponsabilidade e a impunidade negligente com que as sucessivas lideranças
políticas têm lidado com esta questão. Os interesses partidários, a
distribuição de jobs pelos diferentes boys prevalecem em detrimento do bem
comum.
No actual quadro de crise pode acontecer, vou ser optimista,
que finalmente se verifique um empenho verdadeiro no combate ao desperdício que
é um dos mais gigantescos sugadouros de recursos, praticamente um poço sem
fundo. Chamo, no entanto, a atenção para diferentes áreas de desperdício. A
título de exemplo, considere-se o tempo, um bem de primeira necessidade, que se
desperdiça em inutilidades, por má gestão ou organização, que se dedica a
discussões estéreis e ruidosas seja em reuniões improdutivas ou em debates
inconclusivos por incompetência, demagogia ou intenção.
Considere-se ainda o desperdício de competências e de
pessoas que, por falta de oportunidade ou de políticas ajustadas, públicas ou
privadas, são completamente subaproveitadas.
Lembro-me também de algo a que costumo chamar de “agitação
improdutiva” que envolve muitíssimas situações de pessoas que aos mais diversos
níveis e em diferentes circunstâncias se empenham, se esforçam, mas com baixos
níveis de qualidade e rentabilidade por má gestão ou organização penalizadora
das pessoas e das instituições.
Enfim, são múltiplos os exemplos de desperdício e são ainda
mais e mais graves as consequências desta espécie de cultura instalada.
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