O texto de Eva Delgado-Martins de hoje no Público, “A participação da família na escola dos filhos”, fez-me recordar a história de Desajeitado.
Era uma vez um rapaz chamado Desajeitado, um nome um bocado
estranho. Toda a gente o chamava assim.
Na escola, os professores achavam-no mesmo um Desajeitado.
Quase nunca realizava as tarefas do modo que lhe era pedido. Quase nunca dava
as respostas que eram solicitadas, arranjava sempre umas conversas assim um
pouco ao lado, como se costuma dizer. A maioria dos seus colegas também achavam
que o Desajeitado não era muito habilidoso considerando-o um desastrado nas
brincadeiras pelo que não era uma companhia muito apreciada. A sua estrada,
desde que entrara para a escola, tinha sido sempre percorrida desta forma.
Em casa a situação não era, nem nunca tinha sido, muito
diferente. Os pais também achavam que o Desajeitado poucas coisas, ou nenhumas,
fazia bem feitas. Estavam sempre a criticá-lo pela forma pouco cuidada como
fazia o que lhe era pedido. Os pais, para tentarem que o Desajeitado fosse um
pouco melhor, comparavam-no muitas vezes à sua irmã Desejada que era um modelo,
tudo fazia bem feito, era perfeita, nunca errava. Estranhamente, tal discurso
não fazia o Desajeitado sentir-se melhor e funcionar de uma forma que agradasse
mais às pessoas.
Na verdade, Desajeitado foi nome que lhe começaram a chamar
desde pequeno, o seu nome verdadeiro era Enjeitado.
Como sabem os Enjeitados não têm jeito para quase nada,
apenas para se sentir mal o que produz muita falta de jeito, ficam
Desajeitados.
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