quarta-feira, 9 de março de 2022

HÁ EXAME, MAS NÃO CONTA PARA A NOTA

 Apesar de ainda não ser conhecida a decisão do ME, de acordo com o que se lê no Público, parece confirmar-se a realização de exames finais do secundário apenas para as disciplinas exigidas para ingresso no ensino superior, realizar-se-ão as provas de aferição dos 2.º, 5.º e 8.º anos, assim como se retomam os exames finais do 9º ano. No entanto, nos exames do 9º o resultado obtido pelos alunos não é considerado para a sua nota final.

Ao que parece, a sua realização sem que os resultados contem para a nota final dos alunos destina-se a “aferir” as aprendizagens realizadas pelos alunos e considerar essa informação no Plano de Recuperação das Aprendizagens que está em curso, apesar dos sobressaltos que se conhecem.

Umas notas em linha com que aqui escrevi há poucos dias.

Confesso que tenho alguma dificuldade em entender. A existência dos exames do 9º ano é o dispositivo que temos de avaliação externa para o ensino básico, não temos já exames no 1º e 2º ciclo que não me parecem imprescindíveis se tivermos esse dispositivo no 9º ano.

O que me parece imprescindível é a existência de avaliação externa por razões conhecidas. No cenário que se vislumbra parece confundir-se as diferentes funções e os diferentes dispositivos de avaliação. Dito de outra maneira, realizar exames para “aferir” aprendizagens não corresponde à função de um exame final, “medir” e “certificar” aprendizagens que nos permitam análises mais robustas no âmbito da avaliação externa. Para identificar dificuldades e ajustar trajectos temos as avaliações internas regulares e as provas de aferição, não os exames.

Acresce que, como é muito provável, a ideia de que temos os exames, “mas não contam para nada”, fará o seu caminho na comunidade escolar, designadamente, entre alunos e pais. Este entendimento, que creio vir a ser muito alargado, não deixará de contaminar o empenho e desempenho dos alunos na realização das provas.

Nesta perspectiva, os resultados que vierem a ser conhecidos correm o risco de ser menos fiáveis, mesmo para o objectivo (errado) definido para a realização dos exames sem impacto na nota final.

E como ocupação do tempo para alunos e professores também não será a melhor das ideias.

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