terça-feira, 30 de novembro de 2021

NÃO PERCEBO

 Considerando o quadro pandémico que vivemos, o ME decidiu prolongar a interrupção lectiva do Natal mantendo os alunos em casa nos primeiros dias de Janeiro, com algumas excepções que podem aceder à escola. A medida parece merecer acolhimento genérico nas comunidades educativas ainda que a alteração do calendário escolar mereça algumas reservas.

Para além disso o ME, segundo leio no DN, decidiu que as escolas não deveriam desenvolver nesse período actividades no âmbito do chamado ensino a distância, na peça é referida “proibição”.

Apesar de tanto tempo neste universo da educação ainda me consigo surpreender, umas vezes positivamente e fico satisfeito, outras vezes negativamente e fico perplexo.

Porquê impedir as escolas de mobilizar os recursos que têm para manter os alunos ligados mesmo que não seja para cumprir a normal actividade curricular?

Sim, sabemos que ainda existem escolas com recursos digitais por actualizar, mas a responsabilidade é de quem não conseguiu cumprir o que tinha sido anunciado, o ME.

Sim, também sabemos que a experiência passada acentuou desigualdades em muitas situações, mas não é possível acreditar que uma semana com algum tipo de actividade aprofundasse desigualdades.

A escola não “resolve” desigualdades, a escola é uma, importante sublinhe-se, das diferentes ferramentas que as comunidades utilizam para combater a desigualdade e a exclusão, mas não a resolve. O que combate mais eficazmente a desigualdade e a exclusão são políticas públicas adequadas cujo desenho e alocação de recursos de diferente natureza não compete à escola, mas às diferentes tutelas sectoriais.

Por outro lado, existe a questão da autonomia das escolas, algo que está sempre na retórica dos discursos do ME, mas que, como agora se verifica, ainda está por cumprir. Qual a razão que impede as escolas de no exercício da sua autonomia, com os seus meios, humanos e digitais manterem alguma ligação com os alunos durante a semana que não terão aulas. Estão de férias? Não entendo?

Acresce ainda que, apesar de manutenção de alguns apoios as crianças em casa, se levantam novos problemas às famílias e aos próprios alunos, de novo em casa num tempo que seria de escola. Algumas actividades com orientação e apoio das escolas realizado a distância seriam negativas?

Também me parece de considerar que, tal como se verificou nos confinamentos, as escolas conhecem os seus alunos e podem, como vai acontecer, manter algum apoio presencial a grupos de alunos por diferentes razões.

Definitivamente, há aqui qualquer coisa que me escapa.

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