Considerando o quadro pandémico que vivemos, o ME decidiu prolongar a interrupção lectiva do Natal mantendo os alunos em casa nos primeiros dias de Janeiro, com algumas excepções que podem aceder à escola. A medida parece merecer acolhimento genérico nas comunidades educativas ainda que a alteração do calendário escolar mereça algumas reservas.
Para além disso o ME, segundo leio no DN, decidiu que as
escolas não deveriam desenvolver nesse período actividades no âmbito do chamado
ensino a distância, na peça é referida “proibição”.
Apesar de tanto tempo neste universo da educação ainda me
consigo surpreender, umas vezes positivamente e fico satisfeito, outras vezes
negativamente e fico perplexo.
Porquê impedir as escolas de mobilizar os recursos que têm
para manter os alunos ligados mesmo que não seja para cumprir a normal
actividade curricular?
Sim, sabemos que ainda existem escolas com recursos digitais
por actualizar, mas a responsabilidade é de quem não conseguiu cumprir o que
tinha sido anunciado, o ME.
Sim, também sabemos que a experiência passada acentuou
desigualdades em muitas situações, mas não é possível acreditar que uma semana
com algum tipo de actividade aprofundasse desigualdades.
A escola não “resolve” desigualdades, a escola é uma,
importante sublinhe-se, das diferentes ferramentas que as comunidades utilizam
para combater a desigualdade e a exclusão, mas não a resolve. O que combate mais eficazmente a desigualdade e a exclusão são políticas públicas
adequadas cujo desenho e alocação de recursos de diferente natureza não compete
à escola, mas às diferentes tutelas sectoriais.
Por outro lado, existe a questão da autonomia das escolas, algo
que está sempre na retórica dos discursos do ME, mas que, como agora se verifica,
ainda está por cumprir. Qual a razão que impede as escolas de no exercício da sua
autonomia, com os seus meios, humanos e digitais manterem alguma ligação com os
alunos durante a semana que não terão aulas. Estão de férias? Não entendo?
Acresce ainda que, apesar de manutenção de alguns apoios as crianças
em casa, se levantam novos problemas às famílias e aos próprios alunos, de novo em
casa num tempo que seria de escola. Algumas actividades com orientação e apoio
das escolas realizado a distância seriam negativas?
Também me parece de considerar que, tal como se verificou
nos confinamentos, as escolas conhecem os seus alunos e podem, como vai
acontecer, manter algum apoio presencial a grupos de alunos por diferentes
razões.
Definitivamente, há aqui qualquer coisa que me escapa.
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