É interessante notar a frequência com que recorremos à mudança de terminologia como instrumento de mudança acreditando que esta ocorre apenas porque a designação se altera.
É também verdade que um novo termo é divulgado para ser, só
por si, uma inovação e não existe área que em não se afirme a narrativa da
inovação. É também verdade que os conhecedores de estratégias de comunicação,
também conhecidas por marketing, sabem que alterando a designação de um “produto”
pode impulsionar-se uma nova “vida” para esse produto.
Vem esta introdução a propósito da onda de “capacitação” que
nos está a atingir, o mantra passou a ser capacitar. Há que capacitar tudo o
que mexe, pois, aparentemente, mexe mal.
Vai daí, e só para me situar no universo que melhor conheço,
a educação, desatamos a capacitar em todas as direcções.
Há algum tempo promovia-se formação de professores, uma das áreas
em me tenho movido, mas, certamente devido aos maus caminhos seguidos, mea culpa,
agora promove-se capacitação de professores em áreas sem fim e todas certamente
da maior necessidade e pertinência.
Estávamos habituados a dar aulas, a ensinar, a leccionar,
mas agora capacitamos os alunos, ah, e já agora também é preciso capacitar os
pais.
Também é importante capacitar as lideranças das escolas e
todos os técnicos que nelas trabalham e, evidentemente, tal como os professores,
promover essa capacitação em múltiplas áreas.
É preciso também não esquecer, obviamente a capacitação para
a transição digital.
Temos certamente mais exemplos que me fazem acreditar que, assim,
se está a capacitar efectivamente o sistema educativo.
Só falta mesmo, acho eu, a capacitação na promoção de diferentes
dimensões das políticas públicas de educação.
Bom, agora vou voltar para um trabalho de auto-capacitação
que estava a realizar, ler uns artigos sobre trabalhos recentes na minha área.
Sem comentários:
Enviar um comentário