Merece leitura e reflexão o testemunho de Ruy Ventura “Uma máquina de matar professores”. Trata-se uma peça sofrida e de uma leitura sobre o ser professor agora e sobre o que aqui nos trouxe, numa dimensão crítica das políticas de educação dos últimos anos. Num outro registo, mas também a ler é o texto de Marco Bento, “Quem quer ser professor? Eu não quero! Eu não quero!”.
Não me lembro de nos últimos anos a classe docente estar tão
presente na agenda. Os seus problemas e as consequências a curto e médio prazo
são agora mais conhecidos e reconhecidos, sendo recorrentes a referência à
preocupante falta de professores, o envelhecimento da classe, os níveis de
cansaço e de exaustão emocional, a menor atracção dos mais jovens pela
profissão associada modelos de carreira e valorização pouco motivadores. Também
é de registar que de uma forma geral continuam a merecer a confiança das
comunidades.
Este quadro de um mal-estar reconhecido, não pode deixar de
ter impacto, Como muitas vezes afirmo, crianças, enquanto grupo social, e
professores, enquanto grupo profissional, constituem dois grupos nucleares nas
sociedades contemporâneas. Os mais novos porque são o futuro e os professores
porque, naturalmente, o preparam, tudo (quase) passa pela escola e pela
educação. Hoje em dia e em Portugal, este entendimento ainda me parece mais
justificado porque, devido a ajustamentos na organização social e familiar e, é
minha convicção, devido a políticas públicas sociais e educativas inadequadas,
os miúdos passam tempo excessivo na escola, alterando a dinâmica educativa
familiar o que sobrevaloriza o papel da escola através dos professores.
Insisto no que muitas vezes aqui tenho escrito, a
valorização social e profissional dos professores, a valorização das pessoas
que são professores, das suas competências e das suas carreiras, são
ferramentas imprescindíveis a um sistema educativo com mais qualidade. A
valorização e reconhecimento passa também pela necessidade de modelos de
avaliação justos e transparentes que sustentem, reconheçam e promovam
competência e empenho.
Sem comentários:
Enviar um comentário