Iniciámos hoje a época da azeitona. O lagar já abriu e é preciso começar a entregar. Este ano a produção está muito boa e a manhã rendeu. A chuva da passada semana veio ajudar a azeitona a engrossar e manter-se mais firme nas árvores. Vão ser ainda uns dias de lida até darmos conta do recado.
A apanha da azeitona pelo método tradicional é coisa brava embora ajude a aquecer num dia que está frio. Os braços e sobretudo as costas estão
moídas de varejar e carregar, limpar as árvores com as motosserras para bater já no chão em cima dos panos os ramos mais altos com boa azeitona e a que as varas não chegam. Impressionante continua ser a resistência do
Velho Marrafa, homem já na casa dos oitenta anos e que também coordena as "operações". Felizmente, este ano contamos
com a ajuda do Valter e do Diogo que “aceleram” a lida.
Lá para o fim da tarde terei que ir ao lagar entregar e
pesar a azeitona e … amanhã e Domingo continua a lida.
Algum tempo de espera no lagar passa-se nas lérias e os
temas de conversa vão surgindo, mas quase sempre, não podia deixar de ser,
andam à volta dos enleios e das molengas em que a vida da gente se transformou
e da pouca rentabilidade que tanto trabalho dá.
Acho que só lá para o fim de Janeiro, quando voltar ao lagar
para buscar o azeite, com o ambiente quentinho das enormes salamandras que
impede o azeite de coalhar e o cheirinho inconfundível do azeite novo é que me
vou esquecer das agruras da apanha da azeitona que continuará, espero, para a
semana.
Prometo não me queixar mais e … tenho que voltar à lida, há
ainda muitas oliveiras para bater, panos para estender e azeitona para carregar
com o tractor.
São também assim os dias do Alentejo.
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