Está a decorrer em Glasgow a 26.ª Cimeira do Clima da ONU (COP26) com a maioria dos países representada, mas com a ausência das lideranças da China e da Rússia, justamente dois dos maiores responsáveis pela situação que o planeta atravessa.
Como provavelmente acontecerá, apesar da retórica dos
discursos insistir na defesa da qualidade da vida no planeta, os avanços serão
curtos e assim se cumprirá o “desenvolvimento”, dizem. As sucessivas cimeiras
fazem parte de uma espécie de liturgia com avanços aquém do necessário e inadiáveis.
Como é evidente, o clima actual em que o mundo está
mergulhado é profundamente preocupante e sob várias perspectivas.
Com uma ligação estreita às alterações climáticas
consideremos o clima de guerra e pobreza que se instalou em diversas zonas do
planeta e que se torna, por exemplo, responsável pela maior crise de refugiados
que a Europa está a sofrer depois das guerras mundiais com um cortejo de
tragédias que estão mesmo à nossa beira e se espalham por diversas latitudes.
Também numa outra escala muitos de nós sentimos como o clima
não está bem, são recorrentes as queixas sobre alterações no clima, nos climas,
e também aqui sabemos que a responsabilidade é dos homens, ou melhor, da
irresponsabilidade dos homens
Só para referir algumas áreas, veja-se o que tem sido de há
anos para cá o clima de funcionamento de boa parte das escolas portuguesas.
Está longe de ser o mais favorável ao bom andamento do trabalho de professores,
alunos e pais.
O clima na saúde ainda a braços com a evolução da pandemia também
não atravessa melhores dias com queixas e dificuldades de natureza variada.
O clima político é de uma turbulência que impressiona o que
acaba por criar turbulência na economia e nos mercados. Como é sabido, os
mercados são muito sensíveis à turbulência, ficam nervosos e assim. Depois …
sobra para os suspeitos do costume, nós.
Todo este cenário tem implicações severas no clima das
famílias com níveis de desemprego devastadores e com dificuldades sociais
gravíssimas.
Também creio que não damos a devida atenção a um fenómeno de
natureza contrária, o arrefecimento global na relação entre as pessoas. Parece
razoavelmente claro que as relações interpessoais, estão mais frias, mais
distantes apesar dos milhares de “amigos” nas redes sociais. Cada vez mais
parecemos condomínios de uma pessoa só.
Finalmente, importa considerar, evidentemente, as potenciais
consequências do aquecimento global. Uma das dificuldades que, na verdade, a
Terra só se torna mesmo preocupação quando se zanga e de vez em quando a Terra
zanga-se com efeitos devastadores. E está a zangar-se com cada vez maior
frequência.
Imagino que a Terra vá ficando cansada da irresponsabilidade
delinquente da gente que a povoa, sobretudo dos que lideram. Depois de tanta
asneira insistem nos maus-tratos e não se entendem sobre a forma de mudar de
rumo.
Dão-lhe cabo das entranhas, alteram-lhe o clima, mudam
paisagens, esgotam-na, deixam-na estéril e sem sustento. Não vai aguentar.
A minha avó Leonor, mulher de sabedoria, costumava dizer que
não era bom a gente meter-se com a Terra, com a natureza, e maltratá-la. A
natureza vai ser sempre maior que a gente e não aceita que mandem nela.
Quando acorda zanga-se e quando se zanga os efeitos são
devastadores. Apesar destes avisos, cada vez mais frequentes, não parece que a levem a sério.
Esta gente não aprende mesmo, já não espero que o fizessem
em nome deles, os seus interesses imediatos não deixam. Mas podiam fazê-lo em
nome dos filhos, dos filhos dos filhos, dos filhos dos filhos dos filhos, …
São demasiadas complicações no clima para ter alguma
esperança sólida na COP 26.
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