Era uma vez um homem chamado Cromo. Nome estranho este, parecia indiciador de um destino que o homem quis cumprir.
Desde pequeno, logo na escola
tentou destacar-se em alguma actividade sem resultados significativos. Aliás
saiu cedo da escola e sem grande brilho. Os colegas achavam que o Cromo tinha
algum jeito para o futebol a que se dedicava de alma e coração com aqueles
sonhos que povoam a cabeça de todos os miúdos, jogar num estádio cheio e
aparecer na capa de um jornal desportivo. Com os sonhos na mochila foi
percorrendo os vários escalões na equipa lá da sua terra.
Um dia teve sorte, até os Cromos
precisam de sorte que, como sabem, é um bem escasso e um olheiro, uma daquelas
pessoas que ao serviço de clubes maiores andam a observar jogadores, reparou
nele. Entre parêntesis, devo dizer que acho olheiro um nome bonito, alguém que
olha para querer ver, mas decidiram começar a falar de “scouting”. Como ia
dizendo, o Cromo recebeu um convite para ir fazer uns treinos num clube
daqueles que disputam o campeonato mais importante. Na noite anterior ao
primeiro treino o Cromo nem dormiu, chegou nervoso como nunca se tinha sentido,
mas com a ajuda dos companheiros a coisa correu bem e assinou um contrato de
profissional. Ficou algum tempo nesse clube com uma carreira modesta, sem brilho
particular e sem ser capa de jornal.
O Cromo era um daqueles jogadores discretos diluídos na equipa. Acabou por sair e terminar onde tinha começado, no clube da sua terra. Apesar de tudo o Cromo cumpriu o seu destino. Com um enorme orgulho, ocupa um lugar na página 16 de uma caderneta de cromos que o seu filho tem sempre aberta e que passa o tempo a mostrar aos amigos com um brilho de encantamento nuns olhos grandes, “Este Cromo é o meu pai”.
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