Seguindo o incontornável calendário das consciências, apesar de algumas meritórias referências na imprensa e nos tempos carregados e ainda muito confinados, discretamente passou há dois dias o Dia Internacional do Livro Infantil. No entanto e talvez por estarmos nesta situação, os livros possam ser um apoio, uma ferramenta de resiliência e aprendizagem, para os mais novos, mas também para nós.
Num país com níveis de literacia insuficientes e com hábitos
de leitura pouco generalizados, é importante não esquecer que tudo começa nos
miúdos.
Também sabemos que os contextos familiares são muito
diferentes, a disponibilidade de recursos, os níveis de literacia, as
exigências de quem está em teletrabalho, a dimensão do agregado, situações de vulnerabilidade
social, etc. são variáveis de peso,
No entanto, por mais voltas que se dêem, a leitura e os
hábitos de leitura só se desenvolvem de uma maneira, lendo. Por outro lado,
também sabemos que a existência de hábitos de leitura e o contacto regular com
livros no ambiente familiar são contributos muito importantes para a construção
de percursos escolares e educativos bem-sucedidos. Talvez o incremento das
actividades de leitura possa ser algo emergente dos tempos em casa e venha a aproximar adultos e mais novos da leitura e dos livros, independentemente do suporte.
Neste contexto e recordando Cristina Puig há que ter em
consideração a idade, até aos seis anos a generalidade das crianças não lêem,
serão os pais a ler e contar as histórias que estão nos livros. As crianças não
lêem pouco, quem lê pouco são os pais. No entanto e de uma forma geral as
crianças gostam dos livros, assim sendo, trata-se de passar mais tempo com
eles. O tempo possível, mas também um tempo construído.
A partir do domínio ainda que inicial da leitura é
importante aproximar as crianças dos livros de que possam gostar aproveitando e
estimulando as suas motivações. A leitura, sobretudo nesta fase inicial não é
uma tarefa fácil. Assim, precisamos de que seja motivadora e insistir,
acompanhar as crianças, tentar estar próximo delas nessa actividade.
Sendo que ler nem sempre é fácil e os materiais a ler
poderão não ser motivadores, esta fase é vulnerável e terá impacto na criação
de hábitos de leitura conforme for atravessada. Com a entrada na pré-adolescência
e adolescência e como se passa em variadíssimas dimensões as
crianças/adolescentes são muito sensíveis aos amigos e aos seus comportamentos.
Se tiverem amigos que leiam também mais provavelmente o farão.
Nos tempos que correm os suportes digitais permitem o acesso
a textos de diferente natureza, não apenas livros. Tudo bem, é bom que exista
essa oferta. Tendo, naturalmente atenção aos conteúdos o que é importante é que
leiam. Mais uma vez, só se aprende a ler e cultiva o hábito da leitura … lendo.
Já aqui citei e repito uma moda alentejana que diz:
"É tão triste não saber ler,
Como é triste não ter pão.
Quem não conhece uma letra,
Vive numa escuridão."
Que se iluminem então os miúdos com os livros.
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