A propósito do que vou lendo por estes dias sobre o universo da educação, uma história um bocado esquisita, por assim dizer.
Era uma vez um rapaz chamado Excluído. É verdade, era mesmo
o nome dele, assim baptizado desde que nasceu. O Excluído tinha uns doze anos e
andava na escola, frequentava o 5º ano já tinha sido excluído duas vezes no
final do ano lectivo.
O seu funcionamento na escola era um bocado estranho e
muitas vezes era excluído da sala de aula por causa do comportamento.
O Excluído não tinha muitos amigos, era excluído da quase
totalidade dos grupos que se organizavam naquela escola.
Alguns alunos tinham outras actividades, mas o Excluído não
era solicitado a envolver-se em nenhuma dessas actividades. Às vezes ele
próprio se excluía de cenários nos quais lhe diziam para participar.
O Excluído tinha uma família que morava numa casa muito
degradada num bairro ele próprio em más condições e na periferia da terra onde
habitava.
As pessoas daquele bairro não se davam com as pessoas das
outras zonas, apenas nas situações de trabalho, os que tinham, pois faziam-no
fora do bairro.
Havia lá um Centro Social, mas o Excluído não tinha sido
admitido pelo que ficava na rua a fazer coisa nenhuma.
Um dia lá na escola, apareceu um miúdo novo assim com ar
desconfiado e até um pouco parecido com o Excluído que quando se cruzou com ele
lhe perguntou o nome. “Excluído” disse o aluno novo. “Fixe, eu também me chamo
Excluído”.
E fizeram um grupo só de Excluídos, incluídos.
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