A realização de estudos no ensino
superior a que felizmente um número cada vez maior de pessoas acede não é a
tarefa fácil que muitas vezes se ouve.
O estudo hoje divulgado realizado
por João Marôco, do ISPA – Instituto Universitário, mostra isso mesmo, mais de
metade dos estudantes universitários inquiridos revelam um quadro de “burnout”
académico. “Elevada exaustão emocional, elevada descrença relativamente à
utilidade dos estudos e elevada ineficácia académica”.
Seria desejável que estes
indicadores fossem devidamente considerados pelos estabelecimentos de ensino
superior quer ao nível da prevenção, quer ao nível dos apoios em quadros de
maior mal-estar.
No entanto e para além da vida
diária de natureza académica em que os estudantes se envolvem e que contêm
factores associados ao burnout, a minha experiência mostra também que a preocupação
com o desenvolvimento de um projecto de vida pós-escolar, carreira profissional
percebida como extremamente difícil, precária, mal remunerada, se constitui como
um factor fortemente associado a um mal-estar que se sente no presente mas em
nome do futuro, ou da falta dele. Esta incerteza pode constituir-se como factor acrescido de motivação ou, pelo contrário, induzir desmotivação que, naturalmente, alimenta mal-estar.
Queria ainda lembrar que sendo
verdade que a maioria dos estudantes passam por situações de mal-estar, um
outro grupo, os escolantes, têm uma vida académica bem mais tranquila, não
estudam ou cumprem mínimos, vão à escola mas menos às aulas, socializam, estão
presentes em todos os eventos sociais da vida académica, passam bastante tempo
nas áreas sociais das escolas e o futuro … logo se vê, alguma cena há-de
acontecer.
Se vida dos estudantes é difícil,
a dos escolantes é bem mais fácil.
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