A propósito do Dia de S. Valentim, uma das mais antigas e
significativas datas da tradição cultural portuguesa, uma pequena história.
Iria ser hoje certamente. Depois do que ultimamente tem
acontecido entre eles não passaria de hoje a revelação. A sugestão para um
encontro naquele bar a que sempre iam quando queriam o tempo só para eles
deixava antecipar que naquela noite se começaria a desenhar o seu futuro,
melhor, o futuro deles.
Tinham descoberto tanto encontro e tão pouco desencontro em
tão pouco tempo. Ela nunca imaginara que pudesse existir alguém de que se
sentisse tão próxima e que essa proximidade sempre assim parecia sido e sempre
assim parecia ir ser.
Sempre tinha merecido atenção de muitas pessoas e passara
por muitas circunstâncias em que pensava ter encontrado quem procurava. Por uma
razão ou por outra as coisas acabavam por tomar um rumo diferente, o caminho
continuava.
Desta vez sentia que era a sério, mesmo a sério, quando
olhava para os olhos dele lia, achava ela, o mesmo. Tinha nascido o encontro na
vida deles.
Foi, pois, sem surpresa, mas como alguma ansiedade que
percebeu o pequeno embrulho que ele trazia e que, com certeza, faria parte da
revelação.
A conversa daquela noite foi ainda mais bonita e mais
envolvente do que sempre era, e, é justo dizer-se, a relação que estavam a
construir era muito envolvente. A certa altura, meio embaraçado e com um olhar
de bem querer ele estende-lhe o embrulhinho, uma prenda muito bem composta, com
papel bonito e laço elegante.
Com a curiosidade dos miúdos pequenos abriu-a com algum
nervosismo e ficou nas mãos com um telemóvel de última geração igualzinho ao
dele.
Segurando-lhe na mão como se vê nos filmes, ele disse da
forma mais apaixonada que ela já alguma vez ouvira, "Está desbloqueado,
vamos poder estar sempre juntos".
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