terça-feira, 29 de outubro de 2013

A SOBRELOTAÇÃO QUE A CRISE PARIU

 
Confesso que quando li a notícia sobre a intenção do Ministério da Agricultura legislar no sentido de proibir mais do que dois cães e quatro gatos por apartamento fiquei um pouco perplexo com este fundamentalismo legislativo, pensando num país que atravessa os problemas que todos conhecemos. Sou dos que entendo a importância que para muitas pessoas assume a companhia dos animais, eu próprio tive em casa o Faísca, membro plena da família durante 18 anos e cuja partida nos deixou uma enorme perda e saudade.
No entanto, depois de pensar um pouco e partindo do pressuposto que as decisões em matéria política devem ter alguma racionalidade e preocupação com o bem estar comum creio que entendi a razão da proposta de lei.
Muitos dados mostram como as enormes dificuldades que muitas famílias atravessam estão a promover, pelas piores razões, um reagrupamento das famílias sob o mesmo tecto. De facto, os mais jovens sentem uma enorme dificuldade em entrar no mercado de trabalho e prolongam a sua estadia na casa dos pais sem acesso a um projecto de vida autónomo. Por outro lado, muitos milhares de famílias, sobretudo por situação de desemprego, viram-se obrigadas a deixar, perder, casas que tinham comprado ou alugado e voltam para casa dos familiares.
São cada vez mais as situações em que convivem três gerações no mesmo espaço familiar, muitas vezes em condições deploráveis.
Neste contexto e como é claro, a presença de animais seria um novo factor de sobrelotação e agravamento da qualidade de vida.
Um vez que o Governo ainda não se sentiu capaz de legislar no sentido de estabelecer um limite máximo de animais pessoas por agregado familiar, opta e muito bem, por diminuir o número de animais caninos e felinos, presentes. Estará por legislar a protecção que nos é devida contra os ratos que pululam por aí.
Na verdade, tudo tem uma explicação, até as coisas assim um bocados estranhas, por assim dizer.

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