quarta-feira, 18 de maio de 2011

DESEMPREGO E SOBRESSALTO SOCIAL

Em Abril estavam registados nos Centros de Emprego 4617 famílias com os dois elementos do casal na situação de desemprego, uma situação devastadora que nos últimos meses aumentou fortemente segundo o IEFP. Apesar do número de Abril ser um pouco mais baixo que o de Março, também sabemos que o abaixamento de número global de desempregados registados não corresponde a subida do emprego pelo que, provavelmente, o número real de famílias com todos os elementos desempregados é bem maior e em risco de subida uma vez que se prevê o aumento do desemprego.
Nos termos do negócio, a que chamam ajuda, que o FMI, o FEE e o BCE realizou com o estado português, incluem-se mais cortes nos chamados apoios sociais que envolvem, entre outras situações, os casos de desemprego.
Sabemos todos, embora alguns esqueçam, que os mercados não têm alma, são amorais e as pessoas são activos ao serviço dos interesses dessas entidades, os mercados.
Por isto tudo e voltando ao aumento extraordinário do número de casais de desempregados, seria absolutamente necessário que se entendesse e assumisse que o negócio em curso com a famosa troika não pode de forma alguma esquecer as pessoas, sobretudo as que mais vulneráveis e em risco de exclusão vão ficando.
Neste cenário exigir-se-ia ou, pelo menos, esperar-se-ia, que os discursos políticos da pré-campanha se centrassem nas pessoas e na forma como colocar a economia e o desenvolvimento ao serviço das pessoas e não na retórica e demagogia da caça ao voto e ao efeito mediático, bem como na protecção dos interesses dos mercados acreditando-se contra toda a evidência que do bem-estar dos mercados advirá bem-estar para as pessoas.
Corremos o sério risco de ficar à beira não de um sobressalto cívico como agora se fala, mas de um sobressalto social que pode assumir contornos imprevisíveis.

2 comentários:

Afonso Arribança disse...

Professor, o que mais de tem visto nos discursos políticos é um apelo ao voto, seja de forma directa ou indirecta, e nunca uma visível preocupação com as reais necessidades do povo português, que são sempre encaradas de modo vinculado à economia. Estamos em crise, mas economia não é tudo e há outros factores igualmente importantes a considerar.

Cumprimentos

Zé Morgado disse...

O deus-mercado Afonso, o deus-mercado