terça-feira, 31 de maio de 2011

MIÚDOS COM FOME, OLHEM QUE EXISTEM

Desculpem, mas tenho que voltar a um tema que ontem aqui abordei. Um dia depois da divulgação do estudo do ISEG referindo que duas em cada cinco crianças vivem abaixo do limiar de pobreza e que cerca de 40% vivem em situação de pobreza, sabemos através do Diário Económico que desde Novembro 636 000 famílias perderam o acesso ao abono de família.
As expectativas imediatas, estamos em recessão e o negócio que nos foi imposto pelo FMI, FEEF e BCE impõe mais cortes nos apoios sociais, não permitem qualquer espécie de optimismo nesta matéria, antes pelo contrário.
Quando atento, do que consigo ouvir e ler, na campanha eleitoral em curso, verifico escandalosamente que estas, tais como outras questões de importância central, estão, quase sempre, ausentes.
Por outro lado, não me orgulho particularmente disto, mas não acredito que gente que tem sido parte do problema venha a ser parte da solução. Ninguém, apesar da retórica, está verdadeiramente interessado em medidas que equilibrem as contas públicas da forma acertada, reformar a organização do estado, autarquias e governos civis por exemplo, ou promover equidade fiscal, designadamente no IRC (a banca continua e continuará independentemente do governo que se instale em situação de escandaloso benefício). Ninguém está verdadeiramente interessado em eliminar as centenas de organismos, entidades, fundações, empresas municipais inúteis e consumidoras de milhares de milhões. Ninguém está verdadeiramente interessado em emagrecer gabinetes e organismos onde se atropelam as clientelas dos aparelhos partidários. Esta situação foi alimentada e promovida por todos os partidos que já ocuparam poder, repito, por todos os partidos.
Não estou muito optimista de que do actual quadro político, a partidocracia, possa emergir uma solução, creio que só uma renovação da participação cívica dos cidadãos, desconfiados e descrentes na classe política, poderá, creio, pressionar a mudança.
No entanto, quanto mais não seja por uma questão de dignidade e solidariedade, bens em desuso nas tomadas de decisão política, não ameacem mais o bem-estar dos miúdos.
Talvez não saibam, mas há miúdos que passam fome, vão crescer mal.

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