domingo, 8 de maio de 2011

ESCOLAS GRANDES, PROBLEMAS MAIORES, RESULTADOS MENORES

Ao que parece, ainda não tive oportunidade de ler, o programa eleitoral hoje apresentado pelo PSD assume a intenção de continuar a política de constituição de mega-agrupamentos e proceder à fusão de escolas. Estará ainda na intenção do PSD avançar no processo de autonomização das escolas e da municipalização da educação. Relativamente a estes dois últimos aspectos parece-me ser uma opção positiva a que já me tenho referido enquanto necessidade de reforma no sistema educativo.
No entanto, creio ser preocupante a insistência na promoção dos mega-agrupamentos com o risco de criar comunidades educativas com excessiva população.
Desde sempre aqui tenho defendido que apesar de ser necessária uma reorganização da rede escolar porque escolas de reduzidíssima dimensão, para além dos custos, não cumprem a sua função social com qualidade, seria absolutamente desejável que se não enveredasse pela criação de mega escolas ou mega agrupamentos. O ME estabelece como média os 1700 alunos e como limite os 3000 e no que respeita à proposta do PSD não sei quais os limites definidos ou a definir. Estes números são completamente comprometedores da qualidade e, portanto, inaceitáveis.
De há muito que se sabe que um dos factores mais contributivos para o insucesso, absentismo e problemas de disciplina é o efectivo de escola. Não é certamente por acaso, ou por desperdício de recursos, que os melhores sistemas educativos, lá vem a Finlândia outra vez, e agora os Estados Unidos na luta pela requalificação da sua educação optam por estabelecimentos educativos que não ultrapassam a dimensão média de 500 alunos. Sabe-se, insisto, de há muito que o efectivo de escola está mais associado aos problemas que o efectivo de turma, ou seja, simplificando, é pior ter escolas muito grandes que turmas muito grandes.
É fundamental que a comunidade tenha consciência deste universo de modo a tentar travar o movimento de construção de autênticos barris de pólvora e contextos educativos que dificilmente promoverão sucesso e qualidade apesar do esforço de professores alunos, pais e funcionários.
Não conheço nenhuma justificação de natureza educativa que sustente a existência vantajosa de escolas para crianças e adolescentes com 1500 lugares ou mais. A razão para a sua criação só pode, pois, advir da vontade de controlo político do sistema, a grande tentação de qualquer governo, menos escolas envolvem menos directores ou de questões economicistas que a prazo se revelarão com custos altíssimos pela ineficácia e problemas que se levantarão.
O insucesso sai sempre mais caro que o investimento no sucesso.

Sem comentários: