quarta-feira, 4 de maio de 2011

NEGÓCIO FECHADO

No universo dos processo de negociação costuma afirmar-se que um bom negócio obedece à fórmula ganhar-ganhar, ou seja, todos os intervenientes no negócio acham que "ganharam", fizeram um bom negócio ou, pelo menos, o melhor negócio possível. A alternativa é traduzida na fórmula "ganhar-perder" em que algum ou alguns dos interveniente admitem ter feito um mau negócio.
Vem esta introdução a propósito do anúncio de que o negócio que estava em discussão entre o FMI, o BCE, o FEEF e o Estado português, que tem sido designado por ajuda externa ou ainda por plano de resgate, chegou ao fim e, dizem todos, foi um bom negócio, ou seja, todos entendem que ganharam.
A máquina de marketing político que hoje determina os comportamentos e discursos das lideranças colocou de imediato o Primeiro-ministro a anunciar o excelente negócio mostrando como ganhámos todos, não nos mexem nos salários nem nas pensões mais baixas, não despedem funcionários, 15% do montante envolvido é destinado à banca, etc., etc. O FMI também já veio dizer que o negócio foi positivo, o que significa que os lucros conseguidos com os negócios do Fundo com a Irlanda e com a Grécia devem estender-se a este negócio com Portugal.
Devo dizer que até fico admirado com o facto de, vivendo nós no meio de uma crise grave há pelo menos três anos, só agora alguém se ter lembrado de fazer este tão excelente negócio.
Existem apenas um ou dois pormenores que não me estão claros depois do anúncio do negócio fechado. Qual o endividamento assumido e que a prazo teremos que cumprir, e, sobretudo, quais os custos ainda não divulgados que pagarão as famílias portuguesas por este tão bom negócio.
Não sei bem porquê, lembrei-me agora de uma afirmação de Nuno Brederode dos Santos numa antiga crónica no Expresso, “Os Negócios Estrangeiros em Portugal raramente são bons negócios mas, quando o são, então são, de facto, estrangeiros”.

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