sábado, 2 de agosto de 2008

O MILAGRE DA PRODUTIVIDADE

O Público informa-nos que, nos últimos dois dias antes da entrada em vigor do novo Código de Contratos Públicos, 30 de Julho, os mais diversos serviços da administração abriram cerca de trezentos concursos e que se verificou uma média de quarenta por dia nos últimos dois meses, enquanto a média habitual se situa nos dez por dia. Tudo isto para, naturalmente, evitar as novas regras. Duas notas.
Primeira nota. Mais um bom exemplo do Portugal dos Pequeninos em acção. Pressupõe-se que a alteração de regras se justifique para melhorar, ajustar, alterar os procedimentos. No entanto, a administração, a mesma que promove as alterações, reage no sentido de as evitar. Dá para entender? Dá, trata-se da cultura instalada em parte significativa da nossa administração e resistente a qualquer simplex, com medo do rigor e da transparência.
Segunda nota, esta mais reconfortante. Quando tantas vezes a administração é acusada de baixa produtividade, aqui está uma bofetada nas injustas críticas. Preparar quarenta concursos por dia durante dois meses, trezentos em dois, quando habitualmente a produção é de dez por dia mostra a capacidade produtiva dos serviços. É de louvar e atribuir um prémio de produtividade em evento a agendar para o efeito, com a presença do Primeiro-ministro e mais dois ou três ministros, que estejam disponíveis, um power-point alusivo e, claro, um discurso sobre a esperança dos portugueses e a genialidade das políticas do governo.

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