Às vezes, assusta-me a facilidade desatenta com que adultos, infelizes e doentes, tornam doentes e infelizes os miúdos.
Estranhamente, em nome do amor que lhes têm.
Não é justo.
Os putos não merecem.
E os adultos também não.
Estranhamente, em nome do amor que lhes têm.
Não é justo.
Os putos não merecem.
E os adultos também não.
1 comentário:
Ao longo dos muitos anos de ensino que já tenho, um dos alunos que mais me marcou foi o Mário, que conheci no 10º ano. Era um aluno extremamente esforçado e trabalhador, mas que nos víamos (nós, os professores) impedidos de avaliar em termos de oralidade, porque tinha o céu da boca fendido e, por esse facto, tornava-se extremamente difícil, quase impossível, entender o que dizia. Chocada com a situação e porque era a Directora de turma, chamei o pai e perguntei-lhe por que razão não levava o filho ao médico, para uma possível intervenção cirúrgica que poderia corrigir aquele problema.
- Sabe, senhora professora, eu não o levo para ver se o livro da tropa. Talvez mais tarde...
De nada adiantaram os meus argumentos.
Isto passou-se há cerca de vinte anos. No ano passado, encontrei o Mário e ele veio falar comigo. Já teria uns 37 anos. Mas, infelizmente, o problema ainda se mantinha.
Talvez este episódio não se enquadre totalmente no seu texto, mas foi algo que me marcou e que me senti impotente para resolver.
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