Com alguma perplexidade li no Expresso que a Câmara Municipal de Almada decidiu encerrar uma pequena escola, um grupo de educação pré-escolar e um grupo do 1º ciclo com os quatros anos de escolaridade. A continuidade do funcionamento da escola é defendida por pais, pela junta de freguesia, pelos docentes e pela direcção do agrupamento a que a “escolinha” pertence, sublinhando os resultados acima da média obtidos pelos alunos e a qualidade do trabalho desenvolvido.
Ao que se depreende da notícia, as
razões para o encerramento terão a ver com o facto de o grupo do 1º ciclo ser
constituído por alunos dos quatro anos de escolaridade. Considerando o entendimento dos pais e professores, as condições da escola, os resultados das
crianças, o que se sabe sobre modelos desta natureza e, também importante, a
autonomia pedagógica que se deve respeitar, não se percebe a natureza da
decisão.
Como aqui referi muitas vezes,
sempre me entristeceu e questionei o movimento de encerramento de escolas
iniciado há uns anos que também está associado à criação de mega-agrupamentos
que, muitos deles, se transformam em mega-problemas, mas esta é uma outra
matéria.
Muitas das questões que se
colocam em educação, como noutras áreas, independentemente da reflexão actual,
solicitam algum enquadramento que nos ajudem a melhor entender o quadro temos
no momento.
Como se torna evidente e nem
discutindo os custos de funcionamento e manutenção de um sistema que dispõe de escolas com 2, 3 ou 5 alunos, deve colocar-se a questão se tal sistema favorece
a função e o papel social e formativo da escola. Creio que não e a experiência e
os estudos revelam isso mesmo. Parece, pois, ajustada a decisão de em muitas
comunidades proceder a uma reorganização da rede.
No entanto, não é esta a situação
de que falamos.
Por outro lado, como muitas vezes
tenho afirmado, a concentração excessiva de alunos em centros educativos ou
mega-agrupamentos não ocorre sem riscos, tornam-se mega-problemas. Para além de
aspectos como acessibilidades e tipo de percurso ou apoio logístico,
importa não esquecer que escolas demasiado grandes são mais permeáveis a dificuldades,
insucesso escolar e exclusão, absentismo, problemas de indisciplina e outros
problemas de natureza comportamental como bullying.
Neste cenário, a decisão de
encerrar escolas não deve ser vista exclusivamente do ponto de vista
administrativo e económico, não pode assentar em critérios generalizados
esquecendo particularidades contextuais ou a autonomia de escolas e
agrupamentos.
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