O Ministro da Defesa, Nuno Melo, uma figura com obra realizada e sólido pensamento produzido, mostrou uma vez mais como pensa e age antes do tempo, antecipou a época da chamada “silly season”.
Num jantar-conferência, não sei
se na parte do jantar se na parte da conferência e aqui a ordem pode não ser
arbitrária, da Universidade Europeia do PSD, Nuno Melo sugeriu que “os jovens
que cometem pequenos delitos devem cumprir serviço militar”. Com uma visão de
futuro entende que a incorporação forçada tornaria “cidadãos melhores” estes
jovens delinquentes.
O visionário Ministro da Defesa ainda
acrescenta que, assim sendo, os jovens delinquentes já não seriam colocados em
instituições que considera serem uma “escola para o crime”.
A Ministra da Administração Interna, Margarida
Blasco, outra visionária, entende que a genial ideia do Ministro da Defesa pode
ser uma alternativa.
Mais a sério, o cumprimento do
serviço militar como castigo para eventuais crimes é inqualificável e injustificável.
Ponto.
No entanto, gostava de recordar
que o cumprimento do serviço militar como castigo já aconteceu e, por estranho
que pareça, quando o seu cumprimento era obrigatório.
Antes do 25 de Abril de 1974,
sendo obrigatório o cumprimento do serviço militar que para muitos significaria
o envio para a guerra colonial em curso, havia a possibilidade de ter a
incorporação adiada enquanto se frequentava o ensino superior. No entanto,
tínhamos de nos portar bem e estudar. O envolvimento em qualquer actividade
considerada “subversiva” era motivo para ser imediatamente incorporado e, quase
sempre, mandado para a guerra.
Ainda me lembro de na inspecção militar
ter sido avisado, tal como outros colegas “mancebos”, para me portar bem.
Talvez seja esta a inspiração de
Nuno Melo.
Nota – Hoje passam 50 anos daquele imenso 1 de Maio de 1974.
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