Afinal os exames finais do secundário vão ser realizados em papel. Segundo o ME, não se trata de “travar a desmaterialização”, mas de uma alteração no roteiro, coisas da linguística. Entretanto e ao longo do ano realiza-se um processo de testagem à “desmaterialização”, até porque há um financiamento europeu que importa gastar, coisas do tem de ser.
Por outro lado, apesar da preocupação
de professores e directores escolares, mantém-se a realização dos exames de 9.º
ano em formato digital. A preocupação estende-se às provas de aferição do 2.º,
5.º e 8.º ano, coisas da teimosia deslumbrada com o novo mantra, a transição
digital.
Tinha alguma esperança de que o
bom senso e a reflexão sobre o que se passa noutros sistemas educativos que
desencadearam uma reflexão e tomadas de decisão relativamente à introdução em
termos excessivos dos recursos digitais pudesse contribuir para um maior
equilíbrio e prudência na utilização destes recursos, designadamente nos
primeiros anos de escolaridade.
Por outro lado, como tem sido
divulgado, são conhecidas com demasiada frequência queixas relativas ao acesso
a equipamentos por parte dos alunos, à qualidade dos equipamentos, que, de
acordo com os directores de escolas e agrupamentos, a insuficiência dos
recursos necessários à adequada utilização dos equipamentos, nas escolas, mas
em particular nas salas de aulas, infra-estruturas eléctricas e rede de net
eficientes, por exemplo. Acontece ainda que existe uma enorme diversidade na
literacia digital dos alunos. Deste cenário podem decorrer situações sérias de
desigualdade entre escolas e entre alunos e todos conhecemos múltiplas
situações que evidenciam a enorme disparidade de recursos e da sua utilização.
É conhecido também que muitas
famílias recusam receber os computadores pois em caso de problemas serão
responsáveis pelos equipamentos. Nesta situação estão sobretudo famílias com
menores rendimentos o que, naturalmente, não será de estranhar. Uma hipótese
seria que a sua utilização estivesse integrada no seguro escolar.
A Associação Nacional de
Professores de Informática referiu há algum tempo as dificuldades existentes e
também o Presidente do IAVE afirmou já em 2023 que não estavam reunidas as
“condições ideais”.
A tutela, que parece entender que
a realidade é a projecção dos seus desejos, insiste na digitalização, na base
do “vai correr bem” habitual e, por deslumbramento ou por intenção menos clara
insiste nas provas digitais, para já no secundário ainda não.
De facto, o processo de
realização da avaliação em formato digital tem decorrido em modo, ia escrever
“cada tiro, cada melro”, mas como não sou dado às coisas da cinegética e para
prevenir alguma reacção, escrevo, “cada cavadela, cada minhoca”.
Como já aqui escrevi, este
processo não podia correr assim, é mau, muito mau.
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