sábado, 19 de agosto de 2023

O RISCO DA "DESPROFISSIONALIZAÇÃO"

 No DN ainda se pode ler a entrevista de Assunção Flores da Universidade do Minho sobre a questão da falta de professores. Para além das questões da valorização social e profissional dos professores, da desburocratização do seu trabalho e ajustamentos na formação e forma de entrada e apoio na carreira, é sublinhada fortemente a ideia de que, cito a afirmação que serve de título “A crise da falta de professores não pode ser resolvida à custa da qualidade”.

Dadas as dúvidas por esclarecer e algumas ideias ou propostas que vão sendo divulgadas, vale pena voltar a insistir que o risco da “desprofissionalização” ou “deskilling” parece real o que poderá significar uma concepção “empobrecida”, diria “embaratecida” da docência e das exigências de formação para a função.

Não podemos esquecer que só mudanças integradas e não quase que exclusivamente na formação podem sustentar a atractividade, a estabilidade e, naturalmente, a qualidade da profissão docente.

Matérias como modelo de carreira, modelo de avaliação e progressão, a valorização do estatuto salarial dos docentes, a promoção da sua valorização profissional e social ou a desburocratização do trabalho dos professores, são algumas dimensões a exigir alterações sérias.

Por outro lado, temo que o caminho deslumbrado pela desmaterialização possa chegar também à “ensinagem” e se traduza na tentação de substituir os professores por uma qualquer espécie de Siri(s) composta(s) iluminadas por algoritmos.

Quanto aos alunos, bom, a esses parece impossível desmaterializá-los. Para já.

Estamos e vamos certamente continuar perante uma realidade que se pode chamar de desafiante.

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