No DN ainda se pode ler a entrevista de Assunção Flores da Universidade do Minho sobre a questão da falta de professores. Para além das questões da valorização social e profissional dos professores, da desburocratização do seu trabalho e ajustamentos na formação e forma de entrada e apoio na carreira, é sublinhada fortemente a ideia de que, cito a afirmação que serve de título “A crise da falta de professores não pode ser resolvida à custa da qualidade”.
Dadas as dúvidas por esclarecer e
algumas ideias ou propostas que vão sendo divulgadas, vale pena voltar a
insistir que o risco da “desprofissionalização” ou “deskilling” parece real o
que poderá significar uma concepção “empobrecida”, diria “embaratecida” da
docência e das exigências de formação para a função.
Não podemos esquecer que só mudanças
integradas e não quase que exclusivamente na formação podem sustentar a
atractividade, a estabilidade e, naturalmente, a qualidade da profissão
docente.
Matérias como modelo de carreira,
modelo de avaliação e progressão, a valorização do estatuto salarial dos
docentes, a promoção da sua valorização profissional e social ou a
desburocratização do trabalho dos professores, são algumas dimensões a exigir
alterações sérias.
Por outro lado, temo que o
caminho deslumbrado pela desmaterialização possa chegar também à “ensinagem” e
se traduza na tentação de substituir os professores por uma qualquer espécie de
Siri(s) composta(s) iluminadas por algoritmos.
Quanto aos alunos, bom, a esses
parece impossível desmaterializá-los. Para já.
Estamos e vamos certamente
continuar perante uma realidade que se pode chamar de desafiante.
Sem comentários:
Enviar um comentário