Lê-se no CM que até Agosto se tinham aposentado mais de 2500 professores, um número que já supera o total verificado em 2022. Não será uma surpresa, apenas mais um dado entre muitos que sublinha a situação crítica que se atravessa no mundo da educação.
Este cenário estava estudado e
previsto há já alguns anos, mas as políticas públicas não acautelaram os
efeitos do envelhecimento da população docente e a consequente e imperiosa
necessidade de professores.
Aliás, as políticas seguidas em
matéria de educação também contribuíram para o cansaço, desencanto e desejo de
abandono da profissão que se foi instalando em muitos docentes e a baixa
atractividade que inibiu a motivação pela carreira, única forma de a
rejuvenescer.
A propósito, relembro que há já
uns anos, uma professora, na altura minha aluna de doutoramento me perguntava,
com um ar meio sério, meio a brincar, se podia desenvolver a sua tese a partir
de uma questão que mais se ouvia nas salas de professores, quando no meio da burocracia e das actividades ainda havia tempo para
passar na sala de professores, “quanto tempo é que te falta?”. A sua ideia não
foi para a frente enquanto doutoramento, mas o que lhe está subjacente é bem
claro e bem preocupante. O resultado está à vista.
Na verdade, ser professor é uma
das funções mais bonitas do mundo, ver e ajudar os miúdos a ser gente, mas é
seguramente uma das mais difíceis e que mais valorização nas diferentes
dimensões e apoio deveria merecer. Não adianta o discurso da “igualdade”, da “justiça”
que mascara a essência ética de que nada mais justo e equitativo que o respeito
pela diferença. Do seu trabalho depende o nosso futuro, tudo passa pela
educação e pela escola.
Qual é parte que não se percebe?
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