terça-feira, 22 de agosto de 2023

RECORRE, A NOTA SOBE

 Nos últimos anos tem-se verificado que numa percentagem significativa dos pedidos de reapreciação da classificação nos exames finais do secundário o resultado sobe sendo para mim algo estranho a regularidade desta situação e a forma discreta como é acolhida.

De acordo com o CM, na primeira fase dos exames foram objecto de reapreciação 4080 das provas, 3855 no secundário e 225 no 9º ano. Globalmente 3109 melhoraram a classificação, 76% dos pedidos de revisão, e 321, 8%, desceram.

Sabe-se que a avaliação escolar é um processo que contém uma incontornável dimensão de subjectividade e complexidade, por isso, é necessário um trabalho muito consistente ao nível da qualidade dos exames, da solidez, clareza e coerência dos critérios de avaliação e, naturalmente, da preparação e competência dos avaliadores. Estes aspectos são, aliás, objecto de frequentes referências na imprensa durante a época de exames.

Ainda assim, como explicar a percentagem significativa de recursos em que sobe a classificação? Por outro lado, também me parece de considerar o risco de alguma perda de confiança no processo de avaliação. Conheço muitas situações em que professores aconselham os alunos a recorrer pois a probabilidade de conseguir melhoria na nota melhorada é grande.

Há alguns anos, também na altura em foram conhecidos os resultados dos recursos, a professora Leonor Santos da Universidade de Lisboa, especialista em avaliação das aprendizagens, afirmava em entrevista ao Público que aqui citei na altura devido ao seu interesse, a existência de estudos que confirmam a tendência de subida de notas nos processos de reapreciação. Entende que tal situação decorre mais da “atitude de base” do classificador que de erros cometidos. Afirmava, “Há investigação que já demonstrou que a preocupação dos avaliadores que estão a classificar pela primeira vez é a de manter os mesmos critérios para todas as provas. Mas quando está a fazer uma revisão de prova, a sua atitude é completamente diferente: tenta aproveitar tudo o que for possível”.

Não sou especialista nestas matérias, mas julgo que deveriam ser, tanto quanto possível, ponderadas e consideradas para que os exames e a sua classificação mereçam a confiança de alunos e famílias.

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