Não é matéria que aqui aborde com frequência, mas é umas das minhas paixões, o futebol. Desde que aprendi a andar que me tornei fanático pelo jogo. Quando andava na primária dormia com a bola ao pé da cama e todo o tempo era para … jogar à bola. Só duas lesões graves impediram uma carreira bem-sucedida provavelmente em Inlaterra ou Espanha e, finalmente, nas Arábias, mas a paixão continuou sempre, ainda hoje.
Acontece que cumprida a primeira
jornada do campeonato e a final da Supertaça, já se retoma o esforço que tem vindo a ser realizado no sentido de liquidar o futebol.
De há muito que não há
praticamente jornadas de futebol que não sejam marcadas por incidentes com
adeptos, árbitros, jogadores, treinadores e direcções num crescendo de
agressividade física e verbal com ofensas diárias nos comentários.
Também na comunicação social, o
tempo e espaço dado a opinadores e comentadores adeptos sustentam os discursos
inflamados, atente-se no esgoto em que tanta vez se transformam as caixas de
comentários dos jornais de onde a racionalidade, o gosto pelo futebol
(porventura algo incompatível) parecem arredados e de onde emergem o ódio e a
intolerância que em cado jogo é operacionalizada por adeptos, jogadores,
técnicos ou directores.
São recorrentes os apelos à
contenção feitos pela Federação Portuguesa de Futebol dirigidos aos
responsáveis clubísticos que me parece chegar tarde, as estruturas directivas e reguladoras são
parte do problema embora, evidentemente, se espere que façam parte da solução.
Na verdade, também no desporto,
em particular no futebol, os tempos andam feios, por cá e por fora. Estranho
seria se assim não fosse.
A minha paixão pelo futebol vai
resistindo mal aos maus tratos que vai recebendo. São demasiado frequentes e cada vez mais radicalizados e violentos os comportamentos e discursos
que o envolvem e que, para além do volume gigantesco de negócio, são uma variável
fortemente contributiva para o clima criado.
A espiral de gravidade dos
episódios confirma a irracionalidade e o ambiente de hostilidade e ódio
instalados. Os recorrentes incidentes envolvendo as claques e as direcções dos
chamados clubes grandes, mas não só, mostram como podem ser graves as
consequências deste clima e da escalada de violência associada.
Há algum tempo a imprensa referia
(desejava) que os clubes, leia-se as suas direcções, pudessem tomar medidas
face ao comportamento de alguns, muitos, energúmenos que fazem parte das suas
claques.
É no mínimo ingénuo acreditar nisto. A mediocridade da generalidade dos dirigentes, dos seus empregados, porta-vozes e outras figuras, produz discursos e comportamentos que inflamam muitos dos apoiantes, apoiam e organizam as suas actividades. Servem-se deles para os jogos de poder e devem-lhes isso. Sendo também parte substantiva do problema, dificilmente serão parte da decisão e solução.
O futebol de alto nível não é um
mundo que se divida entre santos e pecadores. Talvez a bola seja o elemento
mais são deste universo apesar de tantas vezes também ser maltratada e sempre a
pontapé. A excepção será o aconchego que recebe nas mãos dos guarda-redes.
Já dificilmente me mobilizo para
ir a um estádio, não consigo assistir aos milhentos programas televisivos onde
opinadores avençados, salvo algumas raras excepções, vão papagueando agendas
encomendadas e se envolvem em obscenas trocas de agressões e boçalidades que
são mais um alimento para o clima instalado de ódio, hostilidade e
agressividade.
O problema é que não consigo deixar
de continuar fascinado com esse jogo estranho chamado futebol. Por isso me
inquieta tudo isto. Não matem o futebol.
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