quinta-feira, 3 de agosto de 2023

DOS PROFESSORES EXIGENTES

 A Iniciativa Educação divulgou um trabalho “Alunos de professores exigentes aprendem mais” que merece leitura.

Recorrendo à síntese que o apresenta, “Um estudo recente indica que os alunos de professores exigentes obtêm maior sucesso a longo prazo. Este foi o resultado a que chegou uma equipa de investigadores de universidades americanas após comparar milhares de alunos e respetivos professores de Matemática ao longo de um período de dez anos. Este resultado contraria o receio de que as expectativas elevadas pudessem fazer os jovens resistirem ou desistirem.”

Nada de novo, mas sempre oportuno.

Estamos de férias, afirmação estranha por parte de um reformado, umas notas brevíssimas. Muitas vezes e a propósito de diferentes questões tenho referido o Council for Exceptional Children, entidade dos EUA, que em 2000 afirmava, "O factor individual mais contributivo para a qualidade da educação é a existência de um professor qualificado e empenhado".

Parece claro que um professor qualificado, empenhado e, acrescentaria, valorizado, é determinante no resultado do trabalho dos seus alunos. A referência à exigência pode até ser redundante no desempenho de um professor qualificado e empenhado. Diria até que a exigência se inscreve no quadro ético da profissão, levar o aluno tão ”longe”, quanto possível  faz parte desse quadro.

O que preocupa é um caminho que tem sido percorrido em que se registam diferenças significativas entre indicadores da cada vez mais enfraquecida avaliação externa e das avaliações internas.

Como já tenho dito, será que o sucesso significa conhecimentos e competências adquiridas ou a “passagem” de ano, a transição?

De outra forma, poderemos interpretar a transição de ano como sucesso na aprendizagem de competências e saberes ou teremos de considerar que ter sucesso é a “a passagem de ano” na velha lógica de “transita, mas não progride”?

Será que o abaixamento das taxas de retenção escolar significa conhecimentos e competências adquiridas?

Do meu ponto de vista, é neste quadro que se pode falar de “professor exigente”, o professor que pelo empenho e qualificação “exige”, “espera”, promove” a aprendizagem dos alunos e não uma "nota mais alta" por simpatia ou orientação.

Isso acontecerá quando as lideranças são coerentes, competentes e empáticas, quando o professor não é pressionado, é apoiado, nele confiam, é valorizado social e profissionalmente e quando se percebe e assume o quão é importante se torna a qualificação, os saberes, as competências e não a promoção de estatísticas favoráveis, mas nem sempre fiáveis.

Mas isso é outra história, também de exigência, é claro.

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