A Iniciativa Educação divulgou um trabalho “Alunos de professores exigentes aprendem mais” que merece leitura.
Recorrendo à síntese que o
apresenta, “Um estudo recente indica que os alunos de professores exigentes
obtêm maior sucesso a longo prazo. Este foi o resultado a que chegou uma equipa
de investigadores de universidades americanas após comparar milhares de alunos
e respetivos professores de Matemática ao longo de um período de dez anos. Este
resultado contraria o receio de que as expectativas elevadas pudessem fazer os
jovens resistirem ou desistirem.”
Nada de novo, mas sempre oportuno.
Estamos de férias, afirmação
estranha por parte de um reformado, umas notas brevíssimas. Muitas vezes e a
propósito de diferentes questões tenho referido o Council for Exceptional
Children, entidade dos EUA, que em 2000 afirmava, "O factor individual
mais contributivo para a qualidade da educação é a existência de um professor
qualificado e empenhado".
Parece claro que um
professor qualificado, empenhado e, acrescentaria, valorizado, é determinante
no resultado do trabalho dos seus alunos. A referência à exigência pode até ser
redundante no desempenho de um professor qualificado e empenhado. Diria até que
a exigência se inscreve no quadro ético da profissão, levar o aluno tão ”longe”,
quanto possível faz parte desse quadro.
O que preocupa é um caminho que
tem sido percorrido em que se registam diferenças significativas entre indicadores da
cada vez mais enfraquecida avaliação externa e das avaliações internas.
Como já tenho dito, será que o
sucesso significa conhecimentos e competências adquiridas ou a “passagem” de
ano, a transição?
De outra forma, poderemos interpretar a transição
de ano como sucesso na aprendizagem de competências e saberes ou teremos de
considerar que ter sucesso é a “a passagem de ano” na velha lógica de
“transita, mas não progride”?
Será que o abaixamento das taxas de
retenção escolar significa conhecimentos e competências adquiridas?
Do meu ponto de vista, é neste quadro
que se pode falar de “professor exigente”, o professor que pelo empenho e qualificação
“exige”, “espera”, promove” a aprendizagem dos alunos e não uma "nota mais alta" por simpatia ou orientação.
Isso acontecerá quando as lideranças são coerentes, competentes e empáticas, quando o professor não é pressionado, é apoiado, nele
confiam, é valorizado social e profissionalmente e quando se percebe e assume o quão é importante se torna a qualificação, os saberes,
as competências e não a promoção de estatísticas favoráveis, mas nem sempre fiáveis.
Mas isso é outra história, também de exigência, é claro.
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