domingo, 20 de agosto de 2023

CONTADORES DE HISTÓRIAS

 No ípsilon, suplemento de sexta-feira do Público, encontra-se uma peça que não se pode ler sem sentir uma emoção grande vinda lá de onde se escondem as nossas melhores emoções, “Contadores de histórias populares: os “ladrões” que congelam o tempo”. Aborda a actividade cativante e carregada de humanidade das(os) contadoras(es) de histórias. Sim, ainda existe Gente que encanta e cativa novos e velhos contando histórias. A peça é imperdível e é serviço público.

Expresso um enorme agradecimento e reconhecimento aos contadores e contadoras de histórias, citando apenas a Cristina Taquelim porque conheço algum do seu trabalho realizado a partir de Beja.

A propósito, deixo um pequeno texto que já apareceu no Atenta Inquietude, “A história da História”.

 Era uma vez uma História. Foi inventada por um Velho. Os velhos, como são Velhos, têm muito tempo de estrada e gostam de inventar histórias, quase sempre a partir das histórias que foram encontrando pelo caminho.

O Velho inventou esta História para contar a uns netos pequenos que gostavam de histórias. A gente, às vezes, esquece-se que os miúdos gostam de ouvir histórias contadas pelos velhos. Quando o Velho a inventou era uma História pequena com coisas cómicas e os miúdos gostavam mesmo dessa História.

Como gostavam muito da história, quando cresceram contavam a História aos miúdos deles. Como também já se tinham cruzado com outras histórias a História foi ficando maior, mas tinha sempre muitas coisas cómicas que faziam rir os miúdos que pediam mais histórias.

A História, de tanto ser contada, ficou tão grande que foi preciso guardá-la num livro para que não se perdesse.

Mas as histórias muito grandes que enchem um livro têm um problema, demoram muito tempo a contar e os miúdos pequenos gostam de histórias mais pequenas e com coisas cómicas.

Por isso, um Velho inventou uma história mais pequena para contar a uns netos pequenos que gostavam de histórias. A gente, às vezes, esquece-se que os miúdos gostam de ouvir histórias contadas pelos velhos. Quando o Velho a inventou era uma História pequena com coisas cómicas e os miúdos gostavam mesmo dessa História.

E tudo recomeçou.

As histórias não têm fim. Atrás de uma História vem sempre outra História. Ainda bem.

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