Lê-se no JN que se verificou um
aumento do número de mães adolescentes de 2021 para 2022, 6,14%. O número tinha
vindo a descer desde 2011, mas a partir de 2018 voltou a subir.
Será de relembrar que, segundo os
especialistas, a diminuição do número de partos de adolescentes decorre da
prevenção. Embora nestas matérias, como em todas as que dizem respeito à vida
das pessoas, se deva considerar o universo de valores em presença, bem
diferentes, é fundamental não esquecer as consequências dramáticas que a maternidade adolescente pode implicar.
Recordo que tem sido discutido
com alguma regularidade a abordagem em contexto escolar de problemáticas como a
sexualidade no âmbito da Educação para a Cidadania”.
Por outro lado, é reconhecido que
a gravidez na adolescência, para além de razões acidentais surge para muitas
adolescentes e jovens como "um projecto de vida na ausência de
outros" e num quadro de insucesso educativo.
Sabemos, a experiência mostra,
que uma adolescente pode revelar-se uma excelente mãe, tanto quanto uma mulher
madura pode ser uma péssima mãe. Não podemos, nem devemos, promover avaliações
prévias de competências maternais, a ética e a moral impedi-lo-iam, mas podemos
combater discursos hipócritas sobre a educação em matéria de sexualidade e
comportamentos de risco.
Estes discursos alimentam a
manutenção de situações que promovem em adolescentes, muitas vezes sem projecto
de vida, um caminho e uma experiência para a qual não estão preparadas nem
desejam, e com o risco sério de implicar sofrimento para todas as pessoas
envolvidas, a começar, obviamente por uma criança, que sem ser ouvida, pode
entrar a sofrer neste mundo.
É também por questões desta
natureza que entendo que "Educação para a Cidadania" deve
obrigatoriamente integrar o trabalho desenvolvido na educação em contexto
escolar.
Precisamos e devemos discutir
como fazer sempre considerando a autonomia das escolas, não acredito na
disciplinarização destas matérias, julgo mais interessantes iniciativas
integradas, simplificadas e desburocratizadas em matéria de organização e
operacionalização.
Sem comentários:
Enviar um comentário