Um pouco mais cedo do que o habitual, foram conhecidos os resultados da candidatura ao acesso ao ensino superior num ano em que em que se regista um ligeiro abaixamento do número de candidatos colocados associado, provavelmente, a um também menor número de candidatos. No entanto, a taxa de colocação é mais alta que em 2022.
A maioria dos alunos terá sido
colocada nos cursos que escolheram o que também é importante e parece positiva
a taxa de colocação nos cursos de Educação Básica.
A colocação e as escolhas de
curso assentam, naturalmente, nas motivações dos candidatos e das suas
expectativas face ao futuro e nos constrangimentos e enviesamentos da oferta.
Para os alunos não colocados nas primeiras escolhas teremos um risco acrescido
de frustração e desmotivação que pode levar à desistência e desmotivação,
esperemos que corra bem.
Umas notas breves em linha com o
que aqui já tenho escrito.
Sou dos que entendem que cada um
de nós deve poder escrever, tanto quanto as circunstâncias o permitirem, a sua
narrativa, cumprir o seu sonho. Por outro lado, a vida também nos ensina que é
preciso estar atento aos contextos e às condições que os influenciam, sabendo
ainda a volatilidade e rapidez com que hoje em dia a vida acontece.
Nesta perspectiva, parece-me
importante que um jovem, sabendo o que a sua escolha representa, ou pode
representar nas actuais, sublinho actuais, condições do mercado de trabalho,
faça a sua escolha assente na sua motivação ou no projecto de vida que gostava
de viver e, então, informar-se sobre opções, sobre as escolas e respectivos
níveis de qualidade.
Por outro lado, é esta questão
que quero sublinhar, boa parte da questão da empregabilidade, mesmo em
situações de maior constrangimento, relativiza-se à competência, este é o ponto
fulcral e não pode, não deve, ser esquecido.
Na verdade, o que frequentemente
me inquieta é a ligeireza com que algumas pessoas parecem encarar a sua
formação superior, assumindo uma atitude pouco "profissional",
cumprem-se os serviços mínimos e depois logo se vê. Têm sido mediatizados casos
que elucidam este entendimento, a formação significa a aquisição de um sólido conjunto de
saberes e competências, não é um título que se cola ao nome. A experiência
faz-me contactar regularmente com atitudes desta natureza.
Mesmo em áreas de mais baixa
empregabilidade, ou assim entendida, continuo a acreditar que, apesar dos maus
exemplos que todos conhecemos, a competência e a qualidade da formação e
preparação para o desempenho profissional, são a melhor ferramenta para entrar
nesse "longínquo" mercado de trabalho. Dito de outra maneira, maus
profissionais terão sempre mais dificuldades, esteja o mercado mais aberto ou
mais fechado.
Assim sendo, importa que o
investimento, a preocupação com a aprendizagem e a aquisição de conhecimentos,
competências e de princípios éticos e deontológicos se estabeleçam como
desígnio. Este entendimento pode e deve coexistir com o desenvolvimento de uma
vida académica socialmente rica, divertida e fonte de bem-estar e satisfação. É
desejável resistir à tentação do facilitismo, do passar não importa como, da
fraude académica que constitui actualmente uma preocupação, da competição
desenfreada que inibem partilha, cooperação e apoio para momentos menos bons.
O futuro vai começar dentro de
momentos.
Boa sorte e boa viagem para todos
os que vão iniciar agora esta fase fundamental nas suas vidas.
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