Um dia destes ia pelo passadiço de madeira que dá acesso à praia. À minha frente caminhava uma gaiata de uns quatros anos ou cinco anos que levava o pai pela mão. Como estava já perto deu para ouvir o pai a chamar a atenção da miúda, "estás a ver, a praia está mesmo boa, sem ondas". A mocinha olhou lá para cima donde vinha a voz do pai disse qualquer coisa como, "mas eu não vejo a praia".
Achei engraçado, de facto, dada a
altura dela, a praia ainda não estava no seu horizonte, só os mais altos a
viam. Com frequência, enquanto crescemos esquecemo-nos de como a “altura” vai moldando a perspectiva
do mundo.
Sendo certo que se espera dos
pais, dos mais “altos”, que possam ir antecipando e ajudando os mais miúdos a
descobrir os horizontes que só vão enxergando à medida que crescem, muitas
vezes não o conseguimos fazer. Algumas vezes, nem os mais altos enxergam
horizontes e os tempos que vivemos não são muito amigáveis.
Daí, provavelmente, a falta de
horizontes que muita gente mais jovem experimenta na vida que carrega.
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