sábado, 5 de agosto de 2023

A ABAFURA

 A simpatia que me inspira o Papa Francisco não é suficiente para me entusiasmar e seguir as JMJ, desejando, ainda assim, que possam ser um contributo para um caminho desejado por uma juventude que exige, quer e merece um mundo melhor, com a Igreja Católica e, ou, para além da Igreja Católica.

Há pouco, já no final da manhã dava uma volta por aqui no Monte dentro do plano de convalescença da implantação de uma ferragem na coluna que, quero acreditar, me ajudará a recuperar força e movimento para a lida que em qualquer altura do ano é necessária. Por agora mondas e regas e corte de alguma erva, já a segui limpezar os pés de burro das oliveiras para as deixar mais bonitas prontas para estender os panos. Este ano parece haver alguma azeitona, assim venha água no tempo certo o que já não conseguimos antecipar, mas que também permitirá começar a fabricar alguma terra.

O calor já apertava e lembrei-me mais uma vez do nosso querido Mestre Zé  Marrafa que continua numa situação que não merecia, o seu Deus não o protegeu “levando-o”, peço desculpa pela frieza, mas o sofrimento é sempre … sofrimento, para todos. E aqui nós gostamos muito do Mestre Zé, quase trinta anos de lida e de lérias e sempre de aprendizagem e afecto.

E lembrei-me porque mais uma vez em Agosto se fala do tempo quente no Alentejo e dos alertas que o anunciam.

Sempre nos ríamos, quando o Mestre Zé dizia, a rir com os olhos pequeninos, deviam mandar alertas é se viesse frio, agora calor em Agosto, queriam que viesse quando, é o Alentejo.

É verdade Mestre Zé, no Verão o Alentejo é calor, é assim que é Alentejo e é assim que gostamos do Alentejo no Verão.

Mas sabe Mestre Zé, o calor, em demasia e cada vez mais frequente, a natureza não perdoa a quem a maltrata, traz a seca, uma seca grande e malina. A seca come o nosso Alentejo.

Não adianta pintá-lo de verde com as culturas superintensivas de olival ou amendoal que irresponsavelmente e criminosamente vão aumentando, a terra por baixo vai morrendo e a seguir irá morrer por cima.

Se não atalharmos caminho, ainda estamos a tempo assim queiram os homens, vamos ficar com o deserto, com uma terra nua por cada vez mais tempo. E nessa altura que terão os nossos netos?

Desculpem lá o desabafo pouco optimista, se calhar foi por causa do calor, mas … o Alentejo é sempre lindo, também com esta abafura, como por aqui falamos.

Não quero imaginá-lo um deserto.

3 comentários:

Alexandre disse...

Boa tarde, Professor José Morgado.
Esperemos que ainda possamos fazer um caminho que não precipite mais mutações geo-morfológicas descaracterizando a beleza dos espaços que conhecemos, que admiramos e com os quais nos identificamos, seja no seu Alentejo, seja por este Portugal continental e insular, seja em qualquer parte do mundo!
Percebi que foi sujeito a uma intervenção delicada! Desejo uma recuperação rápida e segura para continuar a circular pelo seu Monte e todos os caminhos que pretenda fazer e depois nos deliciar com a sua escrita sempre tão poética, incisiva, reflexiva, atenta ao mundo!

Um abraço desde o meio do Atlântico

Anónimo disse...

Olá Alexandre, muito obrigado. Tudo bem consigo e com a família? Fiquei contente levou-me outra vez ao encanto das ilhas encantadas e ao gosto em vos conhecer. Um Abraço amigo, até sempre, boas férias

Anónimo disse...

Gostava de falar consigo para colocar a escrita em dia. Lamentavelmente, não encontro o número, se achar por bem use o mail z.morgado@gmail.com Abraço