O Júri Nacional de Exames divulgou o resultado das provas finais de Português e Matemática do 9º ano. Os resultados em Português foram positivos, 61% em média e 78,2% dos alunos acima dos 50%. Em Matemática acentuou-se o baixo resultado que se tem verificado, 42% de alunos acima dos 50%, 58% de notas negativas e uma média de 43%, um dos mais baixos já verificados.
Importa considerar que estes
alunos vivenciaram o período mais “pesado” da pandemia, não realizaram provas
de aferição no 5º e no 8º não existindo avaliação externa no seu percurso. A
prova de Matemática foi considerada equilibrada pela APM e SPM, o que nem sempre
se verifica
No entanto, já se conhece a taxa de retenção no 9º ano em 2022, 3,6%, e creio que ainda não foram divulgados os
dados relativos aos “Percurso de sucesso”.
Os resultados a Matemática são preocupantes, merecem a maior das atenções e recordo o que escrevi há dias sobre o Plano de
Recuperação das Aprendizagens.
Por outro lado, mesmo sem
conhecer o indicador relativo aos percursos de sucesso, coloca-se a questão que
já aqui tenho abordado, poderemos interpretar a transição de ano como sucesso
na aprendizagem de competências e conhecimentos ou teremos de considerar que
ter sucesso é a “a passagem de ano” na velha lógica de “transita, mas não
progride”?
De facto, o que conhecemos das
provas nacionais não parece compatível com os indicadores de transição. Já aqui
tenho abordado a questão a propósito de resultados de outros anos escolares.
Acresce o facto deste grupo de
alunos ter passado pela experiência severa dos confinamentos com um confirmado
impacto nas aprendizagens.
Importa sublinhar com muita
clareza que levantar esta questão não significa a defesa da retenção como
ferramenta de sucesso e qualidade. Não é, sabemos que o “chumbo”, só por si,
não gera sucesso e qualidade. Nenhuma dúvida sobre isto.
E volto a insistir. A qualidade
promove-se, é certo e deve sublinhar-se, com a avaliação rigorosa e regular das
aprendizagens e com regulação externa, sim, naturalmente, mas também com a
avaliação justa e competente do trabalho dos professores e das escolas, com a
definição de currículos adequados, com a estruturação de dispositivos de apoio
a alunos e professores eficazes e suficientes, com a definição de políticas
educativas que sustentem um quadro normativo simples e coerente e modelos
adequados e reais de autonomia, organização e funcionamento desburocratizado
das escolas, com a definição de objectivos de curto e médio prazo, etc.
É o que acontece, genericamente,
nos países com mais baixas taxas de retenção escolar e que significam
conhecimentos e competências adquiridas.
É o que ainda não conseguimos
fazer acontecer de forma consistente, generalizada e sustentada em Portugal,
apesar da imensidade de projectos, iniciativas, inovação, actividades que,
demasiadas vezes chegam do exterior às escolas, podem ser interessantes … mas
não são mágicos, por mais que num exercício de "wishful thinking" os
queiramos entender e vender como tal.
Não será este o caminho.
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