Inicia-se na próxima segunda-feira o processo de candidatura ao ensino superior. Como sempre tenho feito nesta altura deixo umas notas sobre esta questão.
Este processo que agora se inicia
envolve uma primeira decisão que estará tomada e me parece de sublinhar, aceder
a formação de nível superior. É uma decisão importante e positiva.
Contrariamente ao que tantas vezes se ouve, não somos “um país de doutores”,
antes pelo contrário, no contexto europeu ainda é necessário elevar a média de
cidadãos com formação superior.
Coloca-se então a escolha do
curso e as dúvidas que podem envolver essa decisão embora muitos dos que se vão
candidatar já tenham definido a sua opção.
Para esta escolha a questão mais
colocada pode ser assim enunciada, os jovens deverão seguir a sua motivação e
interesses ou a escolha deve obedecer ao conhecimento do mercado de trabalho,
isto é, nível de empregabilidade, estatuto salarial e saídas profissionais tão
abordadas pela imprensa nesta altura?
Para muitos de nós,
provavelmente, a resposta será fácil, seja num sentido ou no outro. Alguns
dirão que cada jovem deve, obviamente, seguir o seu desejo, o seu gosto, só
assim se realizará. Ideia romântica e sem noção da realidade que corre o sério
risco de desembocar no desemprego, dirão outros, para os quais a escolha deve
ser racional, pragmática, realista, o jovem deve procurar uma formação que lhe
garanta, tanto quanto possível, saída profissional e para isso deve
"estudar" o mercado e assim proceder à escolha. Os primeiros acharão
que este entendimento pode levar a um risco de frustração e desencanto que
podem instalar-se em quem "faz o que não gosta".
Na verdade, não será fácil a
escolha para muitos jovens a que acresce, frequentemente, a pressão familiar ou
de outras pessoas para a "escolha acertada".
Dito isto, sou dos que entendem
que cada um de nós deve poder escrever, tanto quanto as circunstâncias o
permitirem, a sua narrativa, cumprir o seu sonho. Por outro lado, a vida também
nos ensina que é preciso estar atento aos contextos e às condições que os
influenciam, sabendo ainda a volatilidade e rapidez com que hoje a vida
acontece e a rápida variabilidade dos mercados de trabalho.
Nesta perspectiva, parece-me
importante que um jovem, sabendo o que a sua escolha representa, ou pode
representar nas actuais, sublinho actuais, condições do mercado de trabalho, a
faça assente na motivação ou no projecto de vida que gostava de construir e, então,
informar-se sobre as opções, sobre as escolas e respectivos níveis de qualidade
a que pode aceder para se qualificar. A plataforma Infocursos, entre várias
outras fontes, pode ser uma ajuda.
Finalmente, do meu ponto de
vista, boa parte da questão da empregabilidade, mesmo em situações de maior
constrangimento, relativiza-se à competência, este é o ponto fulcral.
Na verdade, o que frequentemente
me inquieta é a ligeireza com que algumas pessoas parecem encarar a sua
formação superior, assumindo logo aqui uma atitude pouco
"profissional", cumprem-se os serviços mínimos e depois logo se vê. A
formação académica é mais do que um título que se cola ao nome, é um
imprescindível conjunto de saberes e competências que sustentam um projecto de
vida pessoal e profissional com melhores perspectivas de sucesso.
Mesmo em áreas de mais baixa
empregabilidade, ou assim entendida, continuo a acreditar que, apesar dos maus
exemplos que todos conhecemos, a competência e a qualidade da formação e
preparação para o desempenho profissional, são a melhor ferramenta para entrar
nesse "longínquo" mercado de trabalho.
Dito de outra maneira, maus
profissionais terão sempre mais dificuldades, esteja o mercado mais aberto ou
mais fechado.
Boa sorte e boa viagem para todos
os que vão iniciar agora esta fase fundamental nas suas vidas.
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