terça-feira, 4 de abril de 2023

E AMANHÃ?

 Realiza-se amanhã mais uma reunião entre o ME e as estruturas representantes dos professores. Ao que se sabe será discutida uma das questões mais críticas em todo este processo, a recuperação total do tempo de serviço congelado.

Não estou particularmente optimista, mas seria desejável que existisse … negociação.

O arrastamento deste processo parece incompreensível, mas talvez se inscreva na estratégia definida pelas tutelas, ME e Finanças.

Todo este processo já decorre há tempo demais e, provavelmente, contrariamente ao que se seria esperado pelo ME, as posições dos professores têm sido genericamente compreendidas e apoiadas, nem o arrastamento tem feito diminuir esse entendimento conforme algumas sondagens têm sublinhado.

De qualquer forma urge um acordo, justos, com contas bem feitas e com a consideração do que está verdadeiramente em jogo.

Embora o ME não tenha um currículo sólido na realização de contas, parece claro que o tempo já passado seria mais do que suficiente para se perceba com segurança o que em termos de custos será o impacto do que que é solicitado pelos professores, incluindo as alterações advindas da reforma de muitos milhares de professores que serão, seriam, substituídos por docentes mais novos e com estatuto salarial também ele mais baixo.

Não é conhecida a intenção por parte dos professores de não negociarem, é justamente o que têm afirmado continuam a afirmar.

A continuidade deste processo tem naturalmente impactos de diferente natureza nas comunidades educativas para professores, pais, técnicos e alunos. Importa também considerar que existem ainda muitos alunos com professores em falta e também aqui devido a erros das políticas públicas de educação nos últimos anos, é bom não esquecer.

A natureza dos problemas envolvidos, o cansaço e desânimo que os professores sentem, a injustiça e desvalorização de que se sentem alvo, o mal-estar acrescido  pela manutenção de discursos e intervenções erráticas por parte da tutela e o recurso a procedimentos que, mais do que esclarecer ou contribuir para a solução, agudizam o confronto não favorecem a possibilidade de concertação e confiança.

O clima das escolas está significativamente alterado e, naturalmente, com impacto no trabalho de alunos, professores, funcionários, técnicos, direcções. Muitos estudos mostram uma relação relevante entre qualidade educativa em diferentes parâmetros e múltiplas dimensões do clima institucional.

Como parece claro, a única forma de ultrapassar este cenário, é a negociação e esta não pode ser de serviços mínimos, o que está em jogo é demasiado importante.

Reafirmo a ideia de que os sistemas educativos considerados como tendo melhor qualidade, independentemente dos critérios de análise, são, em regra, os que mais valorizam os professores, em termos sociais, em termos profissionais e também no estatuto salarial.

A defesa da qualidade da educação e da escola, pública e também privada, passa incontornavelmente pela defesa e valorização das condições de trabalho, em diferentes dimensões, que possibilitem que o desempenho de escolas, professores, directores, técnicos, funcionários, alunos e pais tenha o melhor resultado possível.

O futuro passa pela educação e pela escola, donde ... abandonemos um tempo de serviços mínimos e criemos um tempo de entendimento, não precisa de ser máximo, apenas um entendimento justo.

Que acontecerá amanhã? E depois de amanhã?

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