Realiza-se amanhã mais uma reunião entre o ME e as estruturas representantes dos professores. Ao que se sabe será discutida uma das questões mais críticas em todo este processo, a recuperação total do tempo de serviço congelado.
Não estou particularmente
optimista, mas seria desejável que existisse … negociação.
O arrastamento deste processo
parece incompreensível, mas talvez se inscreva na estratégia definida pelas
tutelas, ME e Finanças.
Todo este processo já decorre há
tempo demais e, provavelmente, contrariamente ao que se seria esperado pelo ME,
as posições dos professores têm sido genericamente compreendidas e apoiadas,
nem o arrastamento tem feito diminuir esse entendimento conforme algumas
sondagens têm sublinhado.
De qualquer forma urge um acordo,
justos, com contas bem feitas e com a consideração do que está verdadeiramente
em jogo.
Embora o ME não tenha um
currículo sólido na realização de contas, parece claro que o tempo já passado
seria mais do que suficiente para se perceba com segurança o que em termos de
custos será o impacto do que que é solicitado pelos professores, incluindo as
alterações advindas da reforma de muitos milhares de professores que serão,
seriam, substituídos por docentes mais novos e com estatuto salarial também ele
mais baixo.
Não é conhecida a intenção por
parte dos professores de não negociarem, é justamente o que têm afirmado
continuam a afirmar.
A continuidade deste processo tem
naturalmente impactos de diferente natureza nas comunidades educativas
para professores, pais, técnicos e alunos. Importa também considerar que existem
ainda muitos alunos com professores em falta e também aqui devido a erros das
políticas públicas de educação nos últimos anos, é bom não esquecer.
A natureza dos problemas envolvidos, o cansaço e desânimo que os
professores sentem, a injustiça e desvalorização de que se sentem alvo, o
mal-estar acrescido pela manutenção de
discursos e intervenções erráticas por parte da tutela e o recurso a
procedimentos que, mais do que esclarecer ou contribuir para a solução,
agudizam o confronto não favorecem a possibilidade de concertação e confiança.
O clima das escolas está
significativamente alterado e, naturalmente, com impacto no trabalho de alunos,
professores, funcionários, técnicos, direcções. Muitos estudos mostram uma
relação relevante entre qualidade educativa em diferentes parâmetros e
múltiplas dimensões do clima institucional.
Como parece claro, a única forma
de ultrapassar este cenário, é a negociação e esta não pode ser de serviços
mínimos, o que está em jogo é demasiado importante.
Reafirmo a ideia de que os
sistemas educativos considerados como tendo melhor qualidade, independentemente
dos critérios de análise, são, em regra, os que mais valorizam os professores,
em termos sociais, em termos profissionais e também no estatuto salarial.
A defesa da qualidade da educação
e da escola, pública e também privada, passa incontornavelmente pela defesa e
valorização das condições de trabalho, em diferentes dimensões, que
possibilitem que o desempenho de escolas, professores, directores, técnicos,
funcionários, alunos e pais tenha o melhor resultado possível.
O futuro passa pela educação e
pela escola, donde ... abandonemos um tempo de serviços mínimos e criemos um
tempo de entendimento, não precisa de ser máximo, apenas um entendimento justo.
Que acontecerá amanhã? E depois
de amanhã?
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