O Conselho Nacional de Educação
desenvolveu em Julho de 2020 um inquérito junto de directores e professores com
funções de coordenação das escolas. O trabalho, “Educação em tempo de pandemia:Problemas, respostas e desafios das escolas” foi ontem divulgado.
Os resultados, por assim dizer, vieram trazer evidência
à evidência aumentando a evidência da necessidade, para recorrer a termos muito
em uso. Algumas notas.
De acordo com os inquiridos 92%
das escolas não dispunha de equipamentos e acessibilidade à net com qualidade e
em 80% das escolas esta questão afectava famílias e alunos.
Apesar do esforço gigantesco
realizado por professores e escolas, sublinhe-se que 96% dos docentes
recorreram a equipamentos pessoais face a 2% que recorreram aos da escola e 99%
a ligação própria à net Também 41% dos directores e 47% dos professores referem
a falta de competências digitais dos docentes e o impacto no eniso não
presencial tal 79% dos directores e 80% dos professores referem que o ensino não
presencial foi "afetado ou muito afetado" pela falta de formação de
alunos e famílias na utilização de recursos digitais.
É relevante a afirmação de que 78%
dos alunos cumpriram com regularidade o trabalho proposto, mas 66% dos docentes
afirma não ter cumprido a planificação do 3º período, 7% não “deram” matéria e
nova e 11% não realizaram avaliações sobre os conteúdos passados no ensino não
presencial.
Basicamente, esta é a evidência
que se junta à evidência já conhecida. Do meu ponto de vista acrescento que
simpatizo pouco com narrativas sobre perdas irreparáveis, gerações perdidas ou
outros discursos da mesma natureza, sobretudo quando são subscritos, por
exemplo, pelo Ministro da Educação.
No inquérito foi também abordado a
forma como podem ser minimizados ou ultrapassados os efeitos negativos na trajectória
de aprendizagem de alguns alunos.
Em síntese, diminuição dos grupos
turma, 89% dos directores e 73% dos docentes, ajustamentos nos conteúdos
curriculares defendem 74% dos directores e 73% dos professores.
Os directores, 78%, propõem o
recurso à coadjuvação ou parcerias nas aulas, 69% referem a necessidade de
tutorias 68% refere necessidade apoios individualizados.
Conforme aqui tenho escrito e
afirmado, este caderno de encargos, por assim dizer, sem surpresa, parece-me genericamente
ajustado pois as escolas conhecem as problemáticas e sabem como lidar com elas,
assim tenham autonomia e recursos.
Como há poucos dias escrevi, ainda
não conheço os conteúdos do anunciado Plano 21/23 Escola + destinado justamente
a promover a recuperação dos efeitos nas trajectórias de aprendizagem dos
alunos que estes dois anos lectivos provocaram e a iniciar no próximo ano.
Os professores sabem como avaliar
e identificar as dificuldades dos alunos. O que verdadeiramente é necessário é
dotar as escolas dos recursos necessário para minimizar tanto e tão rápido
quanto possível as dificuldades que identificam. Com ressalta do trabalho agora
conhecido, recursos suficientes para recorrer a apoios tutoriais ou ao trabalho
com grupos de alunos de menor dimensão, apoios específicos a alunos mais
vulneráveis. Por outro lado, técnicos, psicólogos, por exemplo, num rácio que
possibilite um trabalho multidimensionado como é exigido, etc., também me
parecem essenciais.
Esta é a evidência que é necessária e que
falta conhecer.
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