sexta-feira, 18 de junho de 2021

TRAZER EVIDÊNCIA À EVIDÊNCIA AUMENTANDO A EVIDÊNCIA DA NECESSIDADE

 

O Conselho Nacional de Educação desenvolveu em Julho de 2020 um inquérito junto de directores e professores com funções de coordenação das escolas. O trabalho, “Educação em tempo de pandemia:Problemas, respostas e desafios das escolas” foi ontem divulgado.

Os resultados, por assim dizer, vieram trazer evidência à evidência aumentando a evidência da necessidade, para recorrer a termos muito em uso. Algumas notas.

De acordo com os inquiridos 92% das escolas não dispunha de equipamentos e acessibilidade à net com qualidade e em 80% das escolas esta questão afectava famílias e alunos.

Apesar do esforço gigantesco realizado por professores e escolas, sublinhe-se que 96% dos docentes recorreram a equipamentos pessoais face a 2% que recorreram aos da escola e 99% a ligação própria à net Também 41% dos directores e 47% dos professores referem a falta de competências digitais dos docentes e o impacto no eniso não presencial tal 79% dos directores e 80% dos professores referem que o ensino não presencial foi "afetado ou muito afetado" pela falta de formação de alunos e famílias na utilização de recursos digitais.

É relevante a afirmação de que 78% dos alunos cumpriram com regularidade o trabalho proposto, mas 66% dos docentes afirma não ter cumprido a planificação do 3º período, 7% não “deram” matéria e nova e 11% não realizaram avaliações sobre os conteúdos passados no ensino não presencial.

Basicamente, esta é a evidência que se junta à evidência já conhecida. Do meu ponto de vista acrescento que simpatizo pouco com narrativas sobre perdas irreparáveis, gerações perdidas ou outros discursos da mesma natureza, sobretudo quando são subscritos, por exemplo, pelo Ministro da Educação.

No inquérito foi também abordado a forma como podem ser minimizados ou ultrapassados os efeitos negativos na trajectória de aprendizagem de alguns alunos.

Em síntese, diminuição dos grupos turma, 89% dos directores e 73% dos docentes, ajustamentos nos conteúdos curriculares defendem 74% dos directores e 73% dos professores.

Os directores, 78%, propõem o recurso à coadjuvação ou parcerias nas aulas, 69% referem a necessidade de tutorias 68% refere necessidade apoios individualizados.

Conforme aqui tenho escrito e afirmado, este caderno de encargos, por assim dizer, sem surpresa, parece-me genericamente ajustado pois as escolas conhecem as problemáticas e sabem como lidar com elas, assim tenham autonomia e recursos.

Como há poucos dias escrevi, ainda não conheço os conteúdos do anunciado Plano 21/23 Escola + destinado justamente a promover a recuperação dos efeitos nas trajectórias de aprendizagem dos alunos que estes dois anos lectivos provocaram e a iniciar no próximo ano.

Os professores sabem como avaliar e identificar as dificuldades dos alunos. O que verdadeiramente é necessário é dotar as escolas dos recursos necessário para minimizar tanto e tão rápido quanto possível as dificuldades que identificam. Com ressalta do trabalho agora conhecido, recursos suficientes para recorrer a apoios tutoriais ou ao trabalho com grupos de alunos de menor dimensão, apoios específicos a alunos mais vulneráveis. Por outro lado, técnicos, psicólogos, por exemplo, num rácio que possibilite um trabalho multidimensionado como é exigido, etc., também me parecem essenciais.

 Esta é a evidência que é necessária e que falta conhecer.

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