A pandemia que nos atropelou desde
o início de 2020 tem tido efeitos devastadores, mas profundamente assimétricos.
Sem estranheza, o impacto mais
pesado envolve os grupos sociais em circunstâncias mais vulneráveis
independentemente do critério de vulnerabilidade. A título de exemplo e sem
ordenar temos no âmbito económico na área do turismo e restauração, as famílias
em que se verificou perdas significativas de rendimento, do ponto de vista de
saúde o a devastação nos grupos mais idosos, na educação o maior efeito
negativo verificado nos alunos com famílias com menores recursos e literacia
digital, etc.
No Expresso encontra-se uma peça
que sublinha o impacto brutal da pandemia e dos confinamentos que envolveu no
quotidiano das mulheres, designadamente nas mães com crianças mais pequenas e
nas mães solteiras. Os dados que estão a seguir são elucidativos e, provavelmente, estarão subavaliados considerando o envolvimento maternal no âmbito ensino não presencial.
Conforme um trabalho recentemente
divulgado realizado pelo Instituto Europeu da Igualdade de Género, cito do
Expresso, “a pandemia aumentou as tarefas domésticas e de cuidado tanto para
homens como para mulheres, embora a maior fatia continue a recair sobre estas:
dedicam agora, em média, 31,2 horas por semana a tarefas domésticas (18,6
horas) e a cuidar de crianças (12,6) — o equivalente a quatro dias de trabalho
remunerado — enquanto os homens se ficam pelas 19,9. Antes da pandemia (dados
de 2016), as mulheres gastavam 28 horas em trabalho não pago, os homens 12,6.
Uma vez que o levantamento foi feito em julho de 2020, quando as crianças já
tinham voltado à escola e/ou estavam de férias, os autores do estudo admitem
que os dados poderão subestimar as dificuldades sentidas pelos casais entre
março e maio, quando o ensino à distância fez emergir uma nova forma de
trabalho não pago e colocou mais pressão sobre as famílias.”
Este cenário tem implicado situações
complicadas ao nível da qualidade de vida e bem-estar psicológico, aumentaram
significativamente os casos de “burnout” e mal-estar, degradação das relações
familiares, etc.
Quando todos nós ansiamos por
ainda distante regresso à normalidade, seja lá isso o que for, estes efeitos
perdurarão e mereceriam uma atenção que dificilmente obtêm dada a pressão do quotidiano.
Por isso, é tão importante o
investimento dimensões como recursos no âmbito da saúde mental e apoio ao bem-estar
psicológico, políticas de família adequadas e amigáveis para a maternidade, incluindo apoios sociais e educativos,
insistir num caminho de equidade e equilíbrio na participação de homens e
mulheres na vida familiar e respectivas tarefas.
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