segunda-feira, 14 de junho de 2021

DAS PROVAS DE DIAGNÓSTICO PARA AFERIÇÃO DAS APRENDIZAGENS

 

Cerca de 62 000 alunos do 2º, 5º e 8º ano iniciam hoje a realização das provas de “Diagnóstico para Aferição das Aprendizagens”.

As primeiras provas deste “pacote” realizaram-se em Janeiro envolvendo o 3º, 6º e 9º ano e uma amostra de 12960 alunos do 3.º, 6.º e 9.º anos e incidiu sobre Matemática, Leitura e Ciências.

Desde o seu anúncio e apesar de reconhecer como imprescindíveis os dispositivos de avaliação externa, exprimi alguma dificuldade em compreender a sua realização no calendário definido, com aquela metodologia e com aqueles conteúdos e objectivos.

Os resultados das provas realizadas em Janeiro foram conhecidos no final de Março e em síntese, só no 3.º ano mais de metade dos alunos ultrapassaram o nível considerado elementar nas três áreas em avaliação. No 6.º e 9.º ano e nas três áreas a maioria dos alunos não atingiu o nível esperado de conhecimentos elementares.

Na altura questionei-me sobre o que farão as escolas com estes resultados obtidos por amostra de cerca de 13 000 alunos de três anos de escolaridade durante o terceiro período? Agora vão realizar-se as do 2º. 5º e 8º, também por amostra e a poucas semanas do fim do ano lectivo.

Acresce que se aguarda uma divulgação mais pormenorizada do Plano 21/23 Escola + destinado justamente a promover a recuperação dos efeitos nas trajectórias de aprendizagem dos alunos que estes dois anos lectivos provocaram e a iniciar no próximo ano.

Como com alguma referência aqui tenho referido parece-me claro que o maior ou menor impacto nas aprendizagens, por múltiplas razões, é extremamente diversificado em cada aluno como, aliás, é reconhecido desde o primeiro confinamento e dificilmente obtido por amostra e envolvendo apenas alguns anos de escolaridade.

Também entendo que a diversidade de situações, o seu número, os anos de escolaridade dos alunos, as variáveis contextuais relativas a cada comunidade escolar, recursos disponíveis em cada comunidade, as necessidades específicas de muitos alunos, etc. etc. sugerem que devem ser as escolas a avaliar as necessidades, identificar os recursos necessários, estabelecer objectivos, definir metodologias e dispositivos de regulação e avaliação. A generalidade das escolas estará a trabalhar neste sentido da forma e com os recursos possíveis.

Os professores sabem como avaliar e identificar as dificuldades dos alunos. O que verdadeiramente é necessário é dotar as escolas dos recursos necessário para minimizar tanto e tão rápido quanto possível as dificuldades que identificam. Recursos suficientes para recorrer a apoios tutoriais ou ao trabalho com grupos de alunos de menor dimensão, apoios específicos a alunos mais vulneráveis, técnicos, psicólogos, por exemplo, num rácio que possibilite um trabalho multidimensionado como é exigido, etc., são essenciais.

Será o que se espera de tudo o que tem sido anunciado e do Plano 21/23 Escola +.

Neste contexto, tenho dificuldade em entender a realização destas provas.

Como tenho escrito já me cansa duvidar ou discordar. Seria mais tranquilo aplaudir e apoiar as medidas e iniciativas neste meu, nosso mundo, a educação, mas também faz parte da seriedade e importância que lhe atribuo.

Também reconheço que os tempos são duros e os constrangimentos gigantescos para pessoas e entidades limitando a sua capacidade de resposta.

Provavelmente, estas notas sobre esta iniciativa relevam de um problema de compreensão ou desconhecimento da minha parte, portanto … desejo muito que sejam úteis … se possível.

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