Cerca de 62 000 alunos do 2º, 5º e 8º ano iniciam hoje
a realização das provas de “Diagnóstico para Aferição das Aprendizagens”.
As primeiras provas deste “pacote” realizaram-se em Janeiro
envolvendo o 3º, 6º e 9º ano e uma amostra de 12960 alunos do
3.º, 6.º e 9.º anos e incidiu sobre Matemática, Leitura e Ciências.
Desde o seu anúncio e apesar de reconhecer como
imprescindíveis os dispositivos de avaliação externa, exprimi alguma dificuldade
em compreender a sua realização no calendário definido, com aquela metodologia
e com aqueles conteúdos e objectivos.
Os resultados das provas realizadas em Janeiro foram
conhecidos no final de Março e em síntese, só no 3.º ano mais de metade dos
alunos ultrapassaram o nível considerado elementar nas três áreas em avaliação.
No 6.º e 9.º ano e nas três áreas a maioria dos alunos não atingiu o nível
esperado de conhecimentos elementares.
Na altura questionei-me sobre o que farão as escolas com
estes resultados obtidos por amostra de cerca de 13 000 alunos de três anos de
escolaridade durante o terceiro período? Agora vão realizar-se as do 2º. 5º e 8º, também
por amostra e a poucas semanas do fim do ano lectivo.
Acresce que se aguarda uma divulgação mais pormenorizada do
Plano 21/23 Escola + destinado justamente a promover a recuperação dos efeitos nas
trajectórias de aprendizagem dos alunos que estes dois anos lectivos provocaram e a iniciar no próximo ano.
Como com alguma referência aqui tenho referido parece-me
claro que o maior ou menor impacto nas aprendizagens, por múltiplas razões, é
extremamente diversificado em cada aluno como, aliás, é reconhecido desde o
primeiro confinamento e dificilmente obtido por amostra e envolvendo apenas
alguns anos de escolaridade.
Também entendo que a diversidade de situações, o seu número,
os anos de escolaridade dos alunos, as variáveis contextuais relativas a cada
comunidade escolar, recursos disponíveis em cada comunidade, as necessidades
específicas de muitos alunos, etc. etc. sugerem que devem ser as escolas a
avaliar as necessidades, identificar os recursos necessários, estabelecer
objectivos, definir metodologias e dispositivos de regulação e avaliação. A generalidade das escolas estará a trabalhar neste sentido da forma e com os recursos possíveis.
Os professores sabem como avaliar e identificar as
dificuldades dos alunos. O que verdadeiramente é necessário é dotar as escolas
dos recursos necessário para minimizar tanto e tão rápido quanto possível as
dificuldades que identificam. Recursos suficientes para recorrer a apoios
tutoriais ou ao trabalho com grupos de alunos de menor dimensão, apoios específicos
a alunos mais vulneráveis, técnicos, psicólogos, por exemplo, num rácio que
possibilite um trabalho multidimensionado como é exigido, etc., são essenciais.
Será o que se espera de tudo o que tem sido anunciado e do Plano
21/23 Escola +.
Neste contexto, tenho dificuldade em entender a realização
destas provas.
Como tenho escrito já me cansa duvidar ou discordar. Seria
mais tranquilo aplaudir e apoiar as medidas e iniciativas neste meu, nosso
mundo, a educação, mas também faz parte da seriedade e importância que lhe
atribuo.
Também reconheço que os tempos são duros e os
constrangimentos gigantescos para pessoas e entidades limitando a sua
capacidade de resposta.
Provavelmente, estas notas sobre esta iniciativa relevam de
um problema de compreensão ou desconhecimento da minha parte, portanto … desejo
muito que sejam úteis … se possível.
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