O DN de hoje toca numa matéria que algumas vezes tenho abordado no Atenta Inquietude e que entendo nem sempre merecer a atenção que justifica. Refiro-me às dificuldades, diria incapacidade, que muitos pais sentem para lidar com os problemas colocados pelos filhos.
No ano passado 2342, 8.8% do total, casos de pedido de ajuda às Comissões de Protecção de Crianças e Jovens foram realizados pelos pais.
Na maioria dos pedidos tratava-se obviamente de situações em que os pais já não conseguem controlar os comportamentos e atitudes de adolescentes, ou mesmo crianças, pelo que recorrem às Comissões. Estas, através de um esforço de mediação procuram evitar a situação, por vezes desejada pelos pais, da retirada da criança ou jovem do agregado familiar com recurso à institucionalização.
De facto, de há muito afirmo que o exercício da parentalidade não é tarefa fácil, as crianças e adolescentes colocam problemas novos com que muitos pais, e até profissionais, têm dificuldade em lidar. Embaraça-me a excessiva ligeireza com que frequentemente se culpam os pais pelos problemas dos filhos. Enquanto pais serão responsáveis, mas por vezes os problemas estão para além da capacidade de resposta das famílias. Não estou a falar dos casos de negligência, que também existem e devem ser objecto de intervenção, mas de dificuldades reais sentidas por pais que querem ser bons pais e da inexistência de estruturas de apoio acessíveis e generalizadas a essas dificuldades.
Neste contexto e porque os problemas das crianças e jovens em idade escolar não podem deixar de envolver as escolas parece-me imprescindível que nos estabelecimentos educativos ou próximo e com funcionamento articulado existam dispositivos de apoio às famílias e ao exercício da parentalidade que ajudem no trabalho dos pais e à relação destes com a escola.
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