O tempo disponível ainda não permitiu a análise mais aprofundada dos conteúdos das metas de aprendizagem para o ensino básico e secundário ontem disponibilizadas pelo ME em http://www.metasdeaprendizagem.min-edu.pt/. Como entendo que o sucesso do percurso educativo se desenha em grande parte no 1º ciclo comecei por ver o que se encontrava definido para este ciclo. Fiquei com alguma inquietação. Para as seis áreas foram definidas 225 metas de aprendizagem assim distribuídas, Língua Portuguesa - 117; Estudo do Meio - 32; Expressão e Educação Físico-motora - 3; Matemática - 37; Expressões Artísticas - 32 e Tecnologias de Informação e Comunicação - 4, o que dá o total, como disse, de 225 metas de aprendizagem. Por curiosidade, para o 2º ciclo estão definidas, considerando o Inglês e mais uma Língua Estrangeira, 207 metas de aprendizagem. A este quadro acresce o estabelecimento, que também se encontra, de metas intermédias, no caso do 1º ciclo temos até o 2º ano e até ao 4º ano, uma enormidade de metas.
Como ontem referia, considero da máxima necessidade e urgência a reformulação curricular, designadamente no Ensino Básico, quer na sua organização quer nos seus conteúdos. Como também já tive oportunidade de expressar a definição mais objectiva do que deve, ser aprendido pelos alunos, pode ajudar a regular a qualidade do trabalho de alunos e professores.
No entanto, com o cenário actual no que respeita à organização e conteúdo curriculares e no que concerne à organização e funcionamento da escola, designadamente em matéria de trabalho dos professores que gastam tempos infindos em tarefas burocráticas e em aspectos, por exemplo ligados aos modelos de avaliação de docentes em vigor, dificilmente imagino como podem as metas de aprendizagem agora divulgadas, mesmo sendo de uso facultativo(?), e com a estrutura que foi opção dos autores, constituir-se como um regulador ou referência do trabalho dos professores que já têm que lidar com a definição de objectivos para uma enorme quantidade de Projectos e Planos, individuais, de turma ou de escola que intoxicam e minam a qualidade do trabalho e se constituem muitas vezes como álibi para o que de menos bom acontece nas escolas.
Mais uma vez, parece colocar-se a questão, fazer as coisas certas, não significa fazer certas as coisas.
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