quarta-feira, 20 de outubro de 2010

IMAGEM

Os tempos que atravessamos evidenciam, entre muitíssimos outros aspectos, o papel que a imagem e, mais globalmente, a comunicação assumem em todas as áreas do nosso funcionamento e também, como é obvio, na acção política. Diria até, que actualmente parte importante da acção política assenta na comunicação e na imagem. Não existe serviço ou entidade que não tenha o seu gabinete de imagem e comunicação e respectivo assessores.
Ontem o DN titulava em 1ª página que o Governo prevê um gasto de 23 000 € em seminários e publicidade, hoje o Público que refere que em 2009 o Estado gastou 408 milhões em publicidade o que corresponde a 10,1 % do mercado global sendo que 89 % desse volume se destinou a publicidade televisiva.
Não tenho nenhuma reserva contra a importância atribuída à comunicação e imagem, negá-la seria tapar o Sol com uma peneira. Sabemos todos que o suporte a comunicação podem transformar uma má ideia em boa ideia, se for bem "vendida", e uma boa ideia pode transformar-se em má ideia, se for mal "vendida".
O que me deixa mais embaraçado e inquieto é a frequência com que assistimos por parte dos actores políticos, de todos os actores políticos sublinho, ao despudor e à manipulação de factos, ideias ou sentimentos no sentido de venderem aquilo que em cada momento possa servir os seus interesses particulares.
Se assistirmos a um jornal televisivo ou lendo da imprensa escrita é muito evidente a forma como através da publicidade, mascarada de "opinião" ou mais grave ainda apresentada como "saber", se procura "vender" ao "consumidor" um qualquer produto (ideia, opinião, etc.) que se queira promover.
Este cenário é certamente um dos contributos para a falta de confiança nos políticos que os cidadãos revelam, em estudos de imagem, é claro.

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