sexta-feira, 17 de julho de 2015

DA EDUCAÇÃO EM PORTUGAL

Segundo Jaime Carvalho e Silva, docente da Universidade de Coimbra, especialista em ensino da Matemática, coordenador do projecto de investigação "Comparaçãodos exames nacionais em Portugal com os de 12 outros países" afirma, como conclusões do estudo que em Portugal "não há planos, nem há ideias. As medidas são tomadas de forma avulsa, sem que haja uma visão global das competências que um aluno deve ter no fim do ensino secundário". A educação é “muito teórica", com demasiados exames, pouco flexível e com um sistema feito "à base do remendismo".
Muita gente tem vindo a afirmar, nestes ou noutros termos, algumas destas características no nosso sistema educativo e que lamentavelmente não têm encontrado eco nas políticas educativas.
Sendo certo que a avaliação externa é importante, também o Presidente do IAVE afirmou em entrevista recente que os exames não estão a ter impactos nas aprendizagens.
Na verdade, para além do que se faz em matéria de avaliação, imprescindível repito, importa considerar a necessidade de que as escolas possuam meios e recursos qualificados para apoiar as dificuldades de alunos e professores. Um exemplo que a experiência e investigação suportam será o recurso a parcerias pedagógicas, dispositivo com designações variadas. Estes apoios devem ser disponibilizados o mais cedo possível, logo na detecção de eventuais problemas e durante todos os anos de cada ciclo não privilegiando os anos com exame ou as aulas de compensação em final de ciclo.
Importa considerar e analisar o peso que na qualiidade das aprendizagens tem o modelo de currículos em vigor, extensos, prescritivos assentes num excessivo número metas curriculares que criam grande constrangimento aos professores para acomodar as diferenças entre os alunos, a característica mais óbvia de qualquer sala de aula actual.
Será também necessário incrementar a possibilidade para promover diferenciação no trabalho dos professores, com menos alunos por turma por exemplo, aumentar a diferenciação de percursos mas procurando evitar a ideia de que existem trajectos de primeira para os melhores alunos e trajectos de segunda para os menos dotados ou “sem jeito para a escola”.
Finalmente, será necessário que se definam políticas educativas que sustentem um quadro normativo desburocratizado, descentralizado e coerente que promovam modelos adequados de organização e funcionamento das escolas num quadro real de autonomia, com a definição de objectivos de curto e médio prazo, etc.

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