sábado, 30 de maio de 2015

TEM QUE SER, QUE REMÉDIO

Por aqui no tecto do país continental, a Serra da Estrela, e na linha de alguns textos que por aqui passam, retorno a expressões que utilizamos com frequência no nosso quotidiano. Em minha opinião uma das expressões mas elucidativas da “alma portuguesa” é “tem que ser”, mas o “tem que ser” da resignação, não o “tem que ser” igual ao “quero que seja”. Quem nos ouvir e entenda vai ficar convencido de que estamos vivos e nos movemos porque, isso mesmo, tem que ser.
Se repararem, muitos de nós conseguimos responder com um “tem que ser” até a propósito de tarefas de que, em princípio, gostamos, “Vais almoçar?, "Tem que ser”. No entanto, na maior parte das vezes o tem que ser acompanha a referência a algo que faz parte da vida da maioria de nós, trabalhar ou estudar, ”Vais para a escola?, "Tem que ser”, “Vou para o trabalho, tem que ser”.
Somos, com é sabido, um dos países mais consumidores de medicamentos e com um nível elevado de auto-medicação. Esta tendência, será, por ventura, resultante de uma espécie de hipocondria colectiva. Provavelmente, por estas razões, o “tem que ser”, para os mais chegados às questões da saúde, é substituído pela variante “que remédio” sempre em modo resignação.
Viver porque “tem de ser”, viver porque “que remédio”, é demasiado curto para se viver bem.

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