quinta-feira, 21 de maio de 2015

OS NOVOS PROGRAMAS DE MATEMÁTICA QUE DE NOVO PARECEM TRAZER ... PROBLEMAS

Recorde-se que, tal como no Ensino Básico, o novo Programa de Matemática visa substituir  o que estava em vigor apenas desde 2007 sem que tivesse sido avaliada a sua bondade. A mudança nos programas destinam-se evidentemente, a torná-los coerentes com as metas curriculares de 2012 num processo que parece inverso ao que seria desejável, primeiro deveriam ser definidos os conteúdos do programa e que seriam depois operacionalizados através de metas.
A expectativa de que algo possa ser revista é baixa, passou-se assim com o Programa para o Básico, mas os promotores entendem a necessidade de que, pelo menos, se discuta a questão.
Não sendo especialista nesta áreas procuro acompanhar a questão dada a sua óbvia relevância. Na verdade, o que parece estar em jogo são diferentes concepções sobre o papel da compreensão e da memorização na aprendizagem da matemática. Eu diria diferentes concepções sobre educação e escola.
Recordo que quando foi colocado em discussão um novo Programa de Matemática, o Ministro Nuno Crato ter sustentado a iniciativa com a “grande liberdade metodológica aos professores”, para ensinarem de acordo com“ a sua experiência, as suas técnicas e a sua sala de aula” face a um programa moderno e com "objectivos mais facilmente perceptíveis". O Ministro insistiu que "a ideia foi sempre dar esta liberdade metodológica”, para que cada docente fique livre de definir o seu próprio método de ensino dos diversos conceitos. Muito bem. Creio que até disse isto sem se rir.
Ainda no que dizia respeito a metodologias, lia-se no ponto 6 do Documento, "Tendo em consideração, tal como para os níveis de desempenho, as circunstâncias de ensino (de modo muito particular, as características das turmas e dos alunos), as escolas e os professores devem decidir quais as metodologias e os recursos mais adequados para auxiliar os seus alunos a alcançar os desempenhos definidos nas Metas Curriculares.
A experiência acumulada dos professores e das escolas é um elemento fundamental no sucesso de qualquer projeto educativo, não se pretendendo, por isso, espartilhar e diminuir a sua liberdade pedagógica nem condicionar a sua prática letiva. Pelo contrário, o presente Programa reconhece e valoriza a autonomia dos professores e das escolas, não impondo portanto metodologias específicas.
Sem constituir ingerência no trabalho das escolas e dos professores, nota-se que a aprendizagem matemática é estruturada em patamares de crescente complexidade, pelo que na prática letiva deverá ter-se em atenção a progressão dos alunos, sendo muito importante proceder-se a revisões frequentes de passos anteriores com vista à sua consolidação." Seguia-se a orientação para que não se use a calculadora.
Este texto, como disse na altura ... não diz nada seria, aliás, um bom exemplo do que o ex-opinador Ministro Crato designava por eduquês.
O que continuo com uma enorme dificuldade em entender é como é que esta retórica sobre "liberdade metodológica", "características das turmas e dos alunos", "autonomia dos professores e das escolas, "revisões frequentes", etc., como metas extensíssimas, conteúdos desadequados, dizem os especialistas, turmas em cima dos 30 alunos no Secundário e 26 no Básico, falta de apoios, etc.
O ensino tenderá a transformar-se na gestão de uma espécie de "check list" das metas estabelecidas implicando a impossibilidade de acomodar as diferenças, óbvias, entre os alunos, os seus ritmos de aprendizagem preparando-se exclusivamente para a realização de exames, quantos mais melhor.
Apesar do MEC acenar com a referência aos modelos anglo-saxónicos como selo de qualidade, o que está longe de acontecer, devo confessar que continuo apreensivo tal como os autores do Programa de Matemática que estava em vigor, a Sociedade Portuguesa de Investigação em Educação Matemática e a Associação Nacional dos Professores de Matemática, entidades que recorrentemente manifestaram reservas face aos novos programas de Matemática, alertando para o risco de retrocesso nos resultados positivos que os últimos dados dos estudos comparativos internacionais demonstraram utilizando um programa que estava agora a terminar a sua fase de generalização e era de apenas de 2007.
Dada a habitualmente assumida infalibilidade e a arrogante genialidade do MEC que escondem alguma ignorância e uma agenda ideológica, embrulhadas em palavras como rigor, exigência as mudanças, também nesta matéria, não se verificarão alterações.
Os ventos do tempo, vão fazendo o seu caminho construindo um modelo de educação que produzirá exclusão, quer de professores, por umas razões, quer de muitos alunos que serão direccionados para o ensino dual em modo Crato e entrarão bem cedo nas fábricas previstas na prometida “reindustrialização” do país.
Restará o pequeno grupo que constituirá a elite e assim se cumprirá a visão de escola desta gente.

2 comentários:

Anónimo disse...

Por falar em Problemas de Matemática isto não é normal e incentiva à violência contra os Animais. Areal Editores.

https://aventadores.files.wordpress.com/2015/05/zoom-areal-editores.jpg

Cumprimentos.
Pedro.

Zé Morgado disse...

É demasiado estúpido e incompetente.