Está o primeiro dia cabaneiro deste Outono neste canto do Alentejo. Por aqui um dia cabaneiro é um dia bom para estar na cabana.
Desde ontem, mas sobretudo a
partir da madrugada tem estado a chover bem, o vento forte assobia no telhado
do monte, só falta o frio para acrescentar a salamandra ou o lume de chão. Assim
será lá mais para a frente.
É daqueles dias que convidam à
leitura, à escrita, a ouvir qualquer coisa que componha a alma. Já lá vamos.
A água já estava a fazer falta e
é bem-vinda. talvez torne a azeitona um pouco mais grada se, entretanto, não
vier um tempo quente que a estrague. Este ano as oliveiras estão bem carregadas
parece ser um bom ano de azeita, mas temo que esta ventaneira derrube muita
azeitona. Quero acreditar no Mestre Zé, a que cair é compensada pela que fica
nas árvores engrossada pela água. Esperemos que assim seja. Vamos começar a
apanha da azeitona no final da próxima semana, vai ser áspero se se mantiver a
quantidade de azeitona que está nas árvores e lhes dobra os ramos com o peso.
Uma das tarefas de hoje era,
justamente, colher mais alguma para retalhar e para conserva. Já começámos, mas
achamos sempre que é preciso um pouco mais, ficam muito gulosas, com um sabor
que nem vos conto.
Entretanto apareceu o Mestre Zé,
com este tempo não esperava por ele. Veio para um café e, claro, para umas
lérias, ganha-se sempre. Ainda assim, estivemos a ver das varas. Ele não se
habitua a usar varas de carbono, acha que são muito leves e deixámos duas de
madeira a apanhar chuva para ficarem mais macias e não quebradiças. Eu não
quero que o Mestre Zé trabalhe com as varas, é áspero, ajuda a estender panos,
a limpar e ensacar azeitona e, sobretudo, a atar as sacas com uma arte que ainda não consigo replicar, as sacas atadas por mim nem sempre chegam fechadas ao
lagar.
E são assim os dias do Alentejo.
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